A “Carta de Pero Vaz de Caminha”, um dos principais marcos da literatura quinhentista brasileira, expressa a primeira impressão do colonizador no país. Um dos pontos marcantes é a sua descrição da figura do “ameríndio”, caracterizado como selvagem e desprovido da cultura europeia. No Brasil contemporâneo, o indígena sofre, como no passado, forte influência étnica externa e recusa por parcela da população de seus direitos. Em primeiro plano, é tangível o descaso do povo brasileiro diante a fragmentação das reservas indígenas. A esse respeito, o filósofo alemão Hans Herman Hoppes, defende que a terra é pertencente aquele que primeiro a ocupar e realizar trabalhos sobre a mesma. Entretanto, a garantia jurídica de seu território apenas obteve valor em 1973, com a criação do Estatuto do Índio, apesar de estes habitarem a região desde antes do descobrimento português. Não obstante, a regulamentação das suas áreas não impede que fazendeiros, em busca da expansão agrária, invadam a propriedade. Além disso, destaca-se o epistemicídio da cultura indígena relacionada à soberania do colonizador. Apesar de o índio ter sido retratado como heroi durante a fase do Romantismo no Brasil, a sociedade contemporânea herdou o olhar eurocêntrico, responsável pela desvalorização da figura nacional. Prova disso é o fato de não ser ensinado o seu costume nas escolas, enquanto há supremacia da história ocidental. Por conseguinte, a ausência de informação acerca dos nativos resulta no descaso referente à sua importância no desenvolvimento da nação. Fica claro, portanto, que a crise cultural indígena no Brasil é fruto de uma acosciência coletiva sobre a situação somada a uma administração legal capsiosa. Nesse sentido, o Ministério da Educação deve solicitar que sejam administradas, nas aulas de Ciências Humanas, diversas matérias sobre o povo nativo, a fim de, promover a consciência sobre sua importância no desenvolvimento da nação. Ademais, é função da Fundação Nacional do Índio (Funai), em parceria com o Poder Legislativo, expandir os estudos para assegurar aprovação de maiores áreas reservadas aos indígenas. Afinal, somente com a cooperação do Estado com a sociedade civil será possível a inclusão do heroi nacional.