Título da redação:

Está tudo errado

Tema de redação: A questão indígena no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 10/10/2018

Está tudo errado. O jurista Rui Barbosa disse, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus e prosperar as injustiças, sentir vergonha de ser honesto. Por isso, quiçá hoje ele reassumisse seu lamento: os desafios enfrentados pelos indígenas brasileiros reflete um panorama que fere de morte a jurisdição vigente, seja pela arrogância parlamentar, seja pela maldita ignorância social. A princípio, a invalidação de políticas indigenistas pela avarenta Bancada Ruralista ratifica a tese marxista acerca dos privilégios da elite. À revelia da Carta Cidadã de 1988, tal fato abjeto se reflete na medíocre demarcação de terras e nos ínfimos investimentos em educação, saúde e segurança - princípios básicos do Estado Democrático de Direito. Além disso, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) é, à custa de alianças e hipocrisias, paulatinamente enfraquecida por suas excelências, o que afasta essas populações do acesso à valorização de suas culturas e à dignidade da pessoa humana. Ademais, o Brasil ainda não se desprendeu de suas amarras ideológicas. Isso porque, no silêncio da ditadura, a direita política, ao calar, torturar e matar inúmeros nativos, legitimou discursos fascistas de inferioridade dessa minoria. Assim, hoje, a sua periferização é neutralizada pela doentia alienação e a sua discussão acaba por ser bloqueada nacionalmente. À vista disso, moral não tem lado nem ideologias, tem princípios, e justiça não releva, obriga. Portanto, consoante ao educador Paulo Freire, é necessário agir criticamente e superar ingenuidades, como ocorreu no Iluminismo, que após lutas e lutos, livros e almas queimados, a razão prevaleceu. Então, que se faça luz, pois não há ninguém acima da lei: nem político, nem militar, muito menos burguês. Logo, ao Ministério da Educação cabe reforçar discussões nas escolas acerca do tema, com o apoio familiar, por meio de projetos com material físico e online, guiados pela abordagem freiriana, e por palestras ministradas por representantes autóctones, para que esse problema seja discutido efetivamente na esfera legislativa e coletiva. Espera-se, com isso, que o país crie um legado de que Barbosa e Marx pudessem se orgulhar. Afinal, não será o conservadorismo acéfalo e sua moralidade fingida a redibir essa nação, mas a educação, como dito por Freire, mudará as pessoas, e pessoas transformarão o mundo. É disso que eles precisam. É assim que se faz justiça social.