Desde a colonização nos séculos XVI e XVII, o índio foi inferiorizado pela cultura europeia dominante, e forçado a assimilar valores que se impunham aos seus. Dessa maneira, ele foi ignorado pela sociedade que os via como um retrocesso sociocultural, além de ser considerado uma questão de tempo para a efetivação de seu desaparecimento. No entanto, a realidade do Brasil hodierno corrobora o contrário, a população indígena vem crescendo de forma gradual em relação a outros grupos, porém ainda enfrenta desafios no que tange a sua sobrevivência, seja pela lenta mudança de mentalidade social, seja pela falta de representatividade política no país. Em seu livro "o Guarani", José de Alencar expõe o índio brasileiro com o personagem "Peri", que abandona sua tribo, em nome da amada Ceci, filha de um português nobre. Com isso, o autor quis mostrar uma crítica relacionada a mudança comportamental do índio pela imposição da cultura branca e do cristianismo, que doma o "selvagem". Essa concepção ainda está intrinsicamente ligada a alienação da maioria dos brasileiros no que concerne a estereotipagem do nativo, que é considerado "preguiçoso" e "sem educação". O que abre espaços para a formação de uma ideologia intolerante e preconceituosa ao indígenas. Outrossim, a negligência do Estado em relação ao índio, que é um reflexo da própria formação latifundiária do país, impede que os seus direitos básicos sejam garantidos. O principal conflito existente entre ambos diz respeito à demarcação de terras, pois há uma forte presença da "bancada ruralista" no Congresso, que defende os interesses dos grandes fazendeiros e do agronegócio, e subjuga os dos nativos. Isso impulsiona um aumento da violência no campo, ocasionado pelas disputas por terras, o que amplia também a impunidade desses atos, pois dos 112 processos de homicídios relacionados a esse tipo de conflito entre 1985 e 2016, somente 31 foram julgados pela Justiça. Fica claro, portanto, que o índio precisa ser valorizado na cultura brasileira e na sua representatividade jurídica. Para tanto, é necessário que o Ministério da Educação em parceria com os veículos de comunicação elaborem diálogos que abordem a importância dos nativos na construção da identidade nacional, almejando romper a ignorância alheia no que tange a sua representação permutada durante séculos. Ademais, cabe ao Poder Público garantir os direitos essenciais dos indígenas, através de projetos que firmem as demarcações de suas terras, sem exceções, além de estabelecer um diálogo aberto com a Funai, para que o Estatuto do Índio seja respeitado e ratificado pelos três poderes. Só assim, o Brasil poderá se transformar em um país desenvolvido socioculturalmente.