O romance "Iracema" publicado em 1865 mostra a figura do índio idealizada, tratada como herói e não demonstra sua verdadeira imagem e cultura. Ao analisar o livro e a contemporaneidade, vê-se que os indígenas brasileiros estão cercados de desafios em seu cotidiano e não é um problema atual. Estes já passaram por diversas dificuldades desde o passado e atualmente enfrentam conflitos acerca da separação de suas terras. É importante citar, de início, que existem diversos elementos que estão contribuindo com a lentidão na demarcação de suas propriedades. Historicamente, percebe-se, que há uma mentalidade vinda da Lei de Terras realizada em 1850 para o Brasil atual, que traz o pensamento que a propriedade só é válida quando adquirida com dinheiro. Há também, outros fatores que estão colaborando na demora desse processo, que são a pressão das grandes cidades, o agronegócio, a mídia, pois não é noticiada os ataques contra as etnias, e a política, por não dar voz aos indígenas. É fundamental pontuar, também, que há uma certa ignorância vinda da sociedade por acreditar que estes precisam de um local apenas para praticar agricultura ou para habitação. Na realidade, está além disso, o índio associa a terra como vida, ou seja, precisa dela para praticar sua cultura. Entregar seus direitos é uma questão de respeito à sua maneira de vida e também pagar a dívida histórica que o país possui com estes. Em razão aos fatos mencionados, cabe ao Poder Executivo acelerar o processo e com o acompanhamento da Funai demarcar as terras. É importante realizar a retirada de ocupantes não-índios, com pagamento de benfeitorias consideradas de boa-fé, a cargo da Funai, e reassentamento dos ocupantes não-índios que atendem ao perfil da reforma, a cargo do Incra. É essencial executar, também, o registro as terras indígenas na Secretaria de Patrimônio da União. E por fim, ter a consciência que tal medida, não beneficia apenas estes, mas enriquece o Brasil, como a construção de uma sociedade pluriétnica e multicultural e contribui para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade, visto que as terras indígenas representam as áreas mais protegidas ambientalmente segundo dados PPCDAM (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia).