Título da redação:

Mudez Tecnológica

Proposta: Os desafios do relacionamento familiar no contexto das novas tecnologias

Redação enviada em 31/07/2017

As novas tecnologias têm como principal repercussão negativa a minimização do relacionamento familiar. Tal fenômeno, típico das idades moderna e contemporânea, deve-se ao fato de os dispositivos tecnológicos separarem, distanciarem, individualizarem e viciarem as pessoas, obstruindo a consolidação de um relacionamento, o qual, intrinsecamente, requer convívio, aproximação, atenção e coletivização. Eventos que explicam o desgaste da relação entre os familiares dentro de um mesmo lar são: a existência de tanto pais quanto filhos conectados e a digitalização da infância. Inicialmente, o uso das novas tecnologias por todos os membros da família gera uma segregação da coletividade sem precedentes dentro de um lar. À medida que pais e filhos estão conectados separadamente em seus dispositivos eletrônicos, ocorre uma troca de experiências reais em família por aquelas no ambiente virtual. Nesse contexto, o grupo familiar e suas questões perdem importância, limitando-se apenas ao convívio obrigatório e às tarefas do cotidiano, em detrimento do diálogo, da identificação, da confiança, da harmonia e do mutualismo entre os indivíduos. É nessa conjuntura que muitos pais passam a desconhecer os eventos e os problemas da vida dos filhos, os quais, por sua vez, não reconhecem nos pais pessoas preocupadas com eles ou que possam os ajudar. Outrossim, outro fenômeno da modernidade que prejudica o relacionamento familiar é a inserção de tecnologia cada vez mais cedo na vida das crianças. Nesse sentido, nota-se um grande número de crianças que manipulam celulares, tablets, computadores e jogos virtuais antes mesmo dos dois anos, tornando-se viciados digitais precocemente e virtualizando a infância. Esse fato acelera a perda de controle dos pais sobre a vida dos filhos e gera uma dificuldade de socialização destes dentro da própria família, sobretudo na adolescência. Exemplo disso é a criação de clínicas de recuperação de vícios digitais, na China, onde muitos pais optam por internar seus filhos, para que estes aprendam a viver sem depender desses aparelhos. Por conseguinte, torna-se evidente que o desafio no atual cenário de múltiplas distrações tecnológicas é redescobrir o valor da família. Para tanto, é necessário que todos os membros sejam agentes de uma mudança de conduta conjunta, vislumbrando reaproximá-los. Isso deve ser feito por meio da redução de horas gastas no ambiente virtual e do estabelecimento de horários para o uso de dispositivos móveis, objetivando corrigir o vício digital de todos na família. Ademais, deve-se promover conversas com todos do grupo familiar, a fim de que cada um possa contar sobre seus problemas, sobre suas dúvidas, sobre os acontecimentos que tem vivido e, assim, reestruturar a intimidade, a confiança e o elo entre pais e filhos. Tais medidas podem devolver às famílias o que elas têm de mais poderoso: a capacidade de insuflar o sentimento de pertencimento a um grupo forte e coeso, símbolo da inafastabilidade de um porto seguro.