Título da redação:

Fluidez Reversível

Tema de redação: Os desafios do relacionamento familiar no contexto das novas tecnologias

Redação enviada em 30/10/2017

Com o advento da Revolução Técnico-científico-informacional, no limiar da década de 1970, as comunicações entre regiões distantes foram amplificadas, e o mundo se concretizou como interdependente economicamente. Todavia, a intempérie surgiu quando a desregulamentação do trabalho e a tecnologia afastaram os elos familiares, em um contexto no qual a fluidez e a falta de solidariedade se encontram presentes nos indivíduos de forma negativa. Em primeira instância, é imprescindível salientar o processo vivenciado pelos países capitalistas, sobretudo o Brasil. Nesse sentido, o crescimento dos governos neoliberais gera, para a sociedade, rupturas de diversas leis trabalhistas, apoiadas pelo Governo Federal, como a tentativa de ampliar a terceirização, que se encontra em voga nos debates públicos. Consequentemente, a massa laboral tenderá a trabalhar mais, em virtude da redução dos salários, e ter seus direitos como funcionários reduzidos, haja vista o possível término do período de férias e do pagamento do 13º salário. Logo, isso reflete nas famílias de forma que os pais e as mães passem menos tempos em casa, reunidos com seus filhos, e se dediquem majoritariamente para o ofício. Faz-se necessário pautar, ainda, a obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman denominada “Modernidade Líquida”, em que ele retrata a fluidez das relações humanas, na hodiernidade. Nesse aspecto, a sociedade vigente está mais atrelada a bens materiais do que os sentimentais, resultando na fragilidade e falta de união dos grupos familiares, uma vez que se encontram boa parte do tempo conectados às redes sociais. Com isso, o contato físico das pessoas, mormente os jovens, gradativamente está sendo trocado pelo virtual, de modo que, conforme dados fornecidos pelo blog Conectividade, 39% das crianças de 2 a 4 anos já usam aparelhos tecnológicos. Infere-se, em virtude do exposto, a urgência de mudar esse quadro de relações familiares superficiais. Para isso, cabe ao Governo Federal disponibilizar, periodicamente, assistentes sociais especializados em acompanhamentos com famílias. Destarte, esses profissionais devem prestar assistência nas residências, a fim de estabelecer o diálogo nesse lar. Ademais, devem elaborar projetos recreativos, em centros comunitários, visando ao afastamento dos aparelhos digitais e à integração pessoalmente, por intermédio de esportes e brincadeiras lúdicas com diversos grupos de famílias, sendo de extrema importância para que a união seja restabelecida.