O acesso aos âmbitos educacionais já foi considerado um fator de distinção entre as classes sociais. No Brasil colonial, os proprietários de engenhos costumavam mandar seus filhos para países europeus, dispendendo altos custos na formação profissional de seus descendentes que lhes conferisse status elevado na sociedade. Essa conjuntura foi sendo modificada pela ampliação das instituições de ensino no país e ganhou uma nova roupagem com o advento da internet e das tecnologias que ampliaram o acesso populacional as informações, abrindo um leque de possibilidades com o desenvolvimento do ensino a distância. Essa nova modalidade educacional contribui para a democratização do acesso ao conhecimento, mas vem sendo penalizada pela exclusão digital e por estereótipos engessados em uma visão arcaica do ensino. Em primeiro lugar, é valido salientar a relação intrínseca entre essa modalidade educacional e o acesso as tecnologias de informação, que ainda não alcançaram os diversos setores sociais em sua totalidade, refletindo desigualdades sociais historicamente estabelecidas. Nesse aspecto, a população economicamente desfavorecida, desprovida de poder aquisitivo que lhe permita utilizar a internet, permanece segregada e impossibilitada de usufruir desses recursos, ferindo os princípios constitucionais que lhes garantem o direito a educação. Imersa nessa conjuntura excludente, a perspectiva de uma ampliação ao ensino torna-se, paradoxalmente, meio perpetuador de disparidades socioeconômicas. Outrossim, observa-se a persistência de estereótipos que caracterizam esse novo método como ineficiente, fundamentados em uma visão obsoleta da educação que atribui ao aluno o papel de mero receptor de informações, contraposto a modalidade EAD que permite a interatividade do estudante, num processo de construção bilateral da aprendizagem. O sociólogo Max Weber, já havia atentado para a necessidade de interatividade do indivíduo com os processos civis que lhe rodeiam, no seu conceito de ação social. A educação a distância assume, dentro dessa ótica, a perspectiva de renovar as posturas pedagógicas do ensino no país, contando com uma maior participação efetiva do aluno, tornando-a mais dinâmica e construtiva. Portanto, é preciso que o acesso à internet seja ampliado como meio de democratizar o ensino e que haja a divulgação das perspectivas inovadoras dessa nova modalidade educacional, para que o conhecimento sobre elas combata o preconceito. Para isso, o governo deve fomentar projetos que integrem modalidades tecnológicas aos currículos escolares, como a disciplina de informática, além de investir em programas de expansão da rede nas comunidades carentes, como o “banda larga”, que, infelizmente, por descaso estatal, não obteve os resultados almejados, Além disso, faz-se necessário a abordagem da questão na mídia, por meio da inserção da temática em sua programação, como forma de difundir as vantagens da educação a distância.