Título da redação:

O Bullying no Cenário Social Brasileiro

Tema de redação: Os desafios do bullying nas escolas

Redação enviada em 21/11/2017

Desde o começo da década atual, ouve-se mais e mais sobre a questão do bullying nas escolas e até mesmo nas universidades. Apenas ouve-se. Os coleguinhas nunca sabem de nada, o professor raramente alega ter presenciado as agressões e a direção mal fala sobre o assunto, até que o pior acontece e todos que se calaram, justificam suas atitudes pelo medo. Medo do “valentão”, de perder o emprego, dos pais do agressor, da imprensa… A maior parte dos casos de bullying que chegam aos ouvidos do povo, é dos que costumam acabar na morte da vítima, seja por suicídio ou homicídio, ou em chacinas promovidas pela própria vítima, vide massacre do Realengo. Porque é só com esse tipo de tragédia que se consegue chamar a atenção da mídia. A população se horroriza com o acontecimento e dá início a campanhas de combate ao bullying, estilo “Os Treze Porquês” para, dois meses depois, entrar novamente em discussões de “assuntos polêmicos” e disseminarem ódio contra minorias, como foi visto recentemente durante a transmissão da novela “A Força do Querer”, que abordava o tema da transsexualidade e da identidade de gênero. Sim, identidade, porque gênero não tem ideologia. E se engana quem acredita que o aluno é o único que sofre bullying. O número de professores que deixam seus empregos por problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade só aumenta. O bullying costuma ser praticado por alunos de famílias com alto poder aquisitivo que são criadas ouvindo dos pais que estão acima de qualquer autoridade, e as agressões tem início quando o aluno sente que teve seu status hierárquico desafiado pelo professor. O mesmo, com medo de ser demitido por enfrentar o aluno “filhinho de papai”, se cala e entrega sua autoridade, indiretamente, ao agressor. Seja a vítima um aluno ou um professor, a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco, é a dominação do branco em relação ao negro, do rico em relação ao pobre, do hétero em relação ao gay. As instituições de ensino, principalmente as particulares, fingem que o bullying não existe até que algo muito grave aconteça, graças ao mesmo, porque é mais fácil se esconder atrás da mesa da direção do que ter que enfrentar os pais do agressor, que quase sempre fazem parte das camadas superiores da sociedade. É por causa dos privilégios da classe superior e dos “valores da família tradicional brasileira”, que crianças passam a vida escolar sendo humilhadas, oprimidas e violentadas física e psicológicamente por outras que são, provavelmente, muito semelhantes a ela, mas que ouvem de seus pais e familiares que são mais importantes. Mas a culpa não é do agressor, e sim do sistema que permitiu que seus antepassados cultivassem esse comportamento, que não passa de um reflexo dos problemas sociais do Brasil. Os problemas do combate ao bullying encontram-se nos próprios combatentes, que se acovardam frente ao establishment e na própria sociedade brasileira, que é regida por valores arcaicos, oligárquicos e preconceituosos. A solução se encontra nos mesmos, que tendem a mudar com o tempo, e na criação de projetos políticos de redução da desigualdade e em prol da harmonia social.