Título da redação:

Angústia Munchiana

Tema de redação: Os desafios do bullying nas escolas

Redação enviada em 24/05/2018

A pintura expressionista "O grito", do pintor alemão Edward Munch, representa, por meio de uma figura andrógena, as angústias de uma sociedade. Fora das telas, esse mesmo quadro pincela-se lamentavelmente no dia a dia de crianças e adolescentes com a prática do bullying nas escolas. Nesse contexto social, a realização de atitudes violentas em reiteração é decorrente da fragilidade da esfera familiar e que, a longo prazo, reverbera, de forma funesta, consequências que necessitam de medidas públicas na educação para que atenuem comportamentos inconsequentes no âmbito escolar. Às luzes da teoria da Tábula Rasa de John Locke, o ser humano é passível de experiências e influência, assim como um papel em branco. Diante dessa premissa, não há como negar que o perfil do agressor é moldado com base no cotidiano da família, por meio de desavenças e atritos. Nessa lógica, uma criança, ao sofrer intimidações recorrentes ou algum tipo de abuso em casa, pode vir a tornar-se agente do bullying. Esse soturno cenário desenvolve uma fragilidade emocional para que, fora do ambiente hostil, haja uma necessidade de autoafirmação que encaminhe o autor à prática de humilhação de crianças psicologicamente mais frágeis, pontuado pela premissa de que o homem é produto do meio em que vive. Outrossim, o bullying pode causar impactos descomunais, a longo prazo, porquanto muitas vezes acaba subestimado e compreendido pelos espectadores do entrave como algo consuetudinário da faixa etária. Todavia, um estudo divulgado pela revista Child Development mostra a premência da intervenção prematura para conter esfacelos permanentes à saúde mental das vítimas. Tal fato foi referendado por meio do Massacre de Realengo em 2011, quando um ex-aluno, sofredor no passado, de forma monstruosa, invadiu a escola em que estudou, e com desejo de vingança, matou outros doze estudantes. Logo, é evidente que esse lúgubre cenário fomenta comportamentos agressivos, manipuladores e cruéis que, quase sempre, evolui para atitudes criminosas, devido à adoção de ações antissociais, que vão desde pequenos furtos até transgressões hediondas que ferem gravemente a Constituição. Destarte, depreende-se que a instabilidade familiar potencializa atos agressivos de jovens no âmbito escolar. Torna-se imperativo então que o Estado, na figura do Ministério da Educação e do Ministério dos Direitos Humanos, desenvolva debates engajados entre o agressor e a vítima com o fito de promulgar associações baseadas na concepção de círculos restaurativos para a resolução do imbróglio estarrecedor. Tais debates devem ser mediados por educadores e psicólogos, os quais a partir dessas interações fomentarão os alunos a colocarem-se no lugar do outro. Paralelo a isso, carece a inserção na grade curricular do conteúdo "Moral e Ética", por meio do engajamento pedagógico às disciplinas de Filosofia e Sociologia, a fim de que seja debatida a temática do respeito aos colegas. Dessa forma, angústias, como na obra de Edward Munch, no decorrer do tempo, sejam convertidas em sossego para a sociedade hodierna.