Título da redação:

A questão do bullying no Brasil

Tema de redação: Os desafios do bullying nas escolas

Redação enviada em 10/10/2018

No dia 7 de abril de 2011, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos invadiu a escola armado com dois revólveres e disparou contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 13 e 16 anos, e deixando mais de treze feridos. Concomitantemente, nos Estados Unidos, somente em 2018, foram 18 tiroteios em escolas. A maioria dos massacres foram realizados por alunos e ex-alunos que sofriam uma violência silenciosa, o bullying. Mediante a realidade, faz-se indispensável entender as causas e os efeitos da intimidação sistemática vigente, a fim de elementar medidas que atenuem a questão. Mormente, o bullying corresponde à prática de atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, cometidos por um ou mais agressores contra uma determinada vítima. Dados divulgados pelo Programa de Avaliação dos Estudantes, PISA, evidenciam que cerca de 43% das crianças e jovens no país já sofreram bullying. Nesse ínterim, é interessante pontuar a teoria da Tábula Rasa, formulada pelo filósofo inglês, John Locke, em que o ser humano, ao nascer, constitui-se em uma folha em branco, ou seja, o aprendizado depende das informações e vivências às quais a criança é submetida ao longo de sua formação empírica. Sob essa perspectiva, depreende-se que um jovem, quando inserido em um ambiente violento, torna-se propenso a repetir esses comportamentos agressivos em meio escolar. Por consequência do fato supracitado, cria-se um estado de conflito no meio estudantil, o qual afeta o desempenho escolar das vítimas, além de provocar traumas psicológicos e lesões físicas – e, em alguns casos – até a morte. Em outra análise, urge salientar a inoperância das instituições de ensino, haja vista que elas atuam como fator impulsionador da problemática. Destarte, a insuficiência de medidas e a falta de atenção dada à questão da intimidação sistemática por parte das escolas rompe com essa harmonia coletiva, uma vez que, na maioria dos casos, a questão é tratada como um problema corriqueiro do ambiente escolar, sem passar por uma avaliação pedagógica eficaz. Diante desse panorama, segundo o sociólogo francês, Pierre Bourdieu, a escola é um espaço de reprodução de estruturas sociais e manutenção de desigualdades, ou seja, o modelo escolar atual propicia a disseminação do bullying, em virtude, da aversão aos considerados “diferentes”, como negros, gays, divergentes do padrão de beleza universal, entre outras minorias, sendo essa intolerância uma situação predominante na sociedade contemporânea. Assim, a escola em vez de ter uma função transformadora, age de maneira displicente diante do bullying, propiciando a manutenção de preconceitos. Infere-se, portanto, que medidas que assegurem o bem-estar social dos jovens são deveras importantes. Convém ao Ministério da Educação, juntamente com as respectivas secretarias de educação dos estados e municípios, promover aos estudantes acompanhamento psicológico, por intermédio da contratação de psicólogos e psicopedagogos, com o fito de ajudar a manutenção da saúde mental e sentimental dos alunos que sofrem com as agressões verbais e físicas. Outrossim, a ministração de palestras e debates com especialistas sobre os efeitos do bullying e suas implicações com a participação dos pais e alunos é importante, visto que essas propostas têm o intuito de incentivar a tolerância, fomentar a conscientização e mitigar os preconceitos.