Atualmente, no ambiente escolar brasileiro, é cada vez mais recorrente o bullying, prática caracterizada pelo ato de um aluno agredir outro de forma física ou moral. Nesse sentido, uma pesquisa realizada pelo departamento de psiquiatria da UFMG demonstrou que 53% dos casos de bullying ocorrem, ao menos em parte, na internet. Para a construção desse cenário, colaboram fatores de naturezas diversas. Primeiramente, há de se atentar para o fato de que as crianças e adolescentes brasileiros têm sido expostos ao ambiente virtual, onde ocorrem as maiorias das relações sociais atualmente, sem que haja uma educação formal para isso. Outrossim, não há, nas escolas brasileiras, uma cultura de prevenção à prática do bullying. De acordo com o filósofo polonês Zygmunt Bauman, na atualidade vivenciamos a era das relações sociais efêmeras, em decorrência do avanço das redes sociais na internet como Facebook e Twitter. Nesse sentido, a prática do bullying, antes restrita ao mundo físico, passa a ocorrer também no mundo virtual, o que potencializa a exposição da humilhação, causando um sofrimento maior à vítima e influenciando um contingente maior de possíveis agressores. Por isso, é fundamental que, na era da relações sociais efêmeras, sejam previstos mecanismos de acompanhamento e orientação do uso da internet para jovens e adolescentes. Ademais, Segundo o sociólogo alemão Émile Durkheim, as formas de agir de um indivíduo numa sociedade são influenciadas por fatores externos ao mesmo. De acordo com esse pensamento, uma criança agressora ao longo de sua formação moral também foi vítima de alguma forma de abuso físico ou psicológico, seja em casa ou até mesmo na escola. Sendo assim, é necessário que sejam identificados e acompanhados possíveis agressores, buscando solucionar as causas que poderiam levá-los a praticar o bullying no ambiente escolar ou da internet. Conforme canta Milton Santos, “Nada será como antes, amanhã”. E para que nesse amanhã as crianças e adolescentes brasileiros frequentem um ambiente escolar livre de violência física e psicológica, medidas necessitam ser tomadas. Ao Ministério da Educação, cabe introduzir na base curricular nacional a temática do comportamento nas redes sociais, de modo a realizar um debate mais consistente nas escolas, com o objetivo de formar cidadãos conscientes de seus atos na internet. As escolas, por sua vez, devem, ao formar suas equipes pedagógicas, incluir um psicólogo, com o fito de não apenas acompanhar as vítimas de agressões, mas também identificar e auxiliar possíveis agressores. Sendo assim, no amanhã, a prática do bullying terá sido mitigada no ambiente escolar brasileiro.