Título da redação:

Discrepância entre iguais

Tema de redação: Os desafios da igualdade de gênero no Brasil

Redação enviada em 15/10/2018

No papel de provedor da casa, Paulo Honório, protagonista de Graciliano Ramos em “São Bernardo”, ocupa posição social respeitável e tem grande autoridade sobre a esposa. Embora datada dos anos 1930, a narrativa conserva-se atual no que remete às relações sociais, uma vez que a desigualdade de gênero é uma marca presente no Brasil hodierno. Desse modo, observa-se que essa problemática é de difícil resolução, seja pela estagnação da mentalidade social, seja pela carência da legislação de amparo à mulher. É indubitável que a lenta mudança do pensamento social atue contra a paridade de gênero. Segundo Durkheim, sociólogo francês, fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir externas, gerais e coercitivas aos indivíduos. Sob tal ótica, não é exagero afirmar que, ao longo do tempo, convencionou-se a superioridade masculina, haja vista que cargos de liderança no mercado são comumente destinados a homens, enquanto às mulheres atrelam-se atividades como afazeres domésticos. Outrossim, cabe ressaltar que a insuficiência dos mecanismos de proteção às mulheres coopera com a desigualdade de gênero. Conforme dados do portal Relógio da Violência, do Instituto Maria da Penha, a cada 2 segundos uma mulher é vítima de agressão física ou verbal no Brasil. Com efeito, a violência contra a mulher é a concretização da superioridade masculina construída no decorrer do tempo, haja vista que é usada para controlar e limitar a liberdade da mulher. Infere-se, pois, que a desigualdade de gênero é uma patologia social. Logo, cabe às escolas a organização de palestras ministradas por mulheres que atingiram posições de liderança, bem como por mulheres vítimas de abuso fomentado por machismo, com o intuito de expor as dificuldades enfrentadas e propor a desconstrução desses paradigmas. Ademais, urge que o Judiciário acompanhe, durante ao menos um ano, os casos de violência contra a mulher para garantir o cumprimento das medidas protetivas concedidas por meio da Lei Maria da Penha, além de fornecer treinamento às equipes policiais para atendimento humanizado às vítimas. Desse modo, será possível desenvolver uma sociedade livre de discriminação de gênero.