Título da redação:

DESlimitando.

Tema de redação: Os desafios da igualdade de gênero no Brasil

Redação enviada em 26/10/2018

Na obra "Mulheres, raça e classe", a filósofa Angela Davis defende que, após a Revolução Industrial, a divisão entre economia doméstica e economia pública definiu a inferioridade econômica e social das mulheres. Nesse contexto, os prestígios laboral e social foram conferidos aos homens, e às mulheres foram relegadas as funções mais desvalorizadas. Infelizmente, mesmo com a luta por direitos, essa desigualdade persiste até hoje - principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Dessa forma, cabe ao Governo Federal agir em prol da educação voltada à política e em relação à igualdade econômica entre gêneros. Outrossim, o patriarcalismo colonial do país fez com que as mulheres só conquistassem o direito de voto na década de 1930. Contudo, as cotas de representação política das mulheres ainda não são preenchidas nos órgãos administrativos. Assim, fica evidente que o tema deve ser debatido sob a égide do conceito de "Cuidado de si", do sociólogo Michel Foucault. De acordo com essa perspectiva, o engajamento é importante para que a verdade do que se é e do que se é capaz de fazer seja colocada à prova. Nesse sentido, uma abordagem histórica sobre a cidadania participativa deve ser enfatizada, possibilitando novas conquistas femininas. A consequência da falta de representação política é a disparidade financeira e de oportunidades entre homens e mulheres. Nesse sentido, pode-se dizer que ainda há preconceito no mercado de trabalho quanto aos cargos e salários, assim como ocorreu no começo da industrialização. Essa constatação vai ao encontro do pensamento da socióloga Joan Scott, a qual definiu que a cultura de distinção entre o que é masculino e o que é feminino tem como fruto injustiças de gênero. Dessa maneira, mesmo quando mulheres exercem as mesmas funções que homens, não há equidade salarial. Assim, fica claro que a mobilidade econômica é mais difícil para elas. É evidente, portanto, que a problemática possui raízes históricas que devem ser superadas. Para isso, o Ministério da Educação deve promover o entendimento dos jovens quanto à questão, definindo a exposição das conquistas das mulheres, seus antigos papéis e principais movimentos feministas , nas aulas de História, Sociologia e Filosofia. Isso mostraria a importância da participação política para a melhora da qualidade de vida desse segmento da população. Ao Poder Legislativo, cabe o dever de criar uma lei que obrigue todas as empresas a preencher 50% dos cargos com mão de obra feminina, além de definir a igualdade de remuneração entre os sexos. Assim, a ascensão financeira das mulheres seria facilitada. Somente com essas ações a delimitação de gênero preconizada por Scott será superada.