De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, em seu artigo 25°, toda pessoa tem direito a um nível de vida que lhe assegure saúde e bem-estar, principalmente no que concerne aos serviços sociais básicos. Não obstante, garantir a igualdade no acesso a esses serviços por ambos os gêneros representa um desafio a ser enfrentado no Brasil. Isso se evidencia não só pelo descumprimento das leis, mas também pela cultura baseada na desigualdade. No que se refere às leis, a igualdade de gênero, direito fundamental garantido pela Constituição Federal, é deliberadamente desrespeitada, logo, tal conjuntura se mostra uma problemática prejudicial ao exercício de direitos assegurados pela Declaração Universal de Direitos Humanos. Movimentos como o Tropicália trouxeram contestações ligadas aos direitos civis, incluindo o do gozo igualitário pelo sexo masculino e feminino, porém tais objetivos não foram totalmente consolidados, consequentemente, há uma disparidade de oportunidades, como salários mais baixos e menos oferta de emprego para mulheres. Assim, é inadmissível que após vários engajamentos populares, as leis continuem sendo desrespeitadas. Outrossim, há um preceito de desigualdade de gênero enraizado na cultura brasileira. Segundo Émile Durkheim, sociólogo francês, existe um fato social, isto é, maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e que exercem coação sobre ele. A proposição do cientista social permite reflexão acerca das repercussões culturais e como elas influenciam as pessoas, pois modelos de sociedades patriarcais contribuíram para uma estrutura baseada na desigualdade de gênero, em razão disso, as mulheres possuem menos participação política, menos acesso a condições de sobrevivência, entre outros fatores. Diante disso, a diferença entre gêneros representa um problema a ser faceado de forma mais organizada pela sociedade. Fica claro, portanto, que a desigualdade de gênero é um óbice no panorama atual. Nessa perspectiva, para que a tese do pensador Durkheim não tenha efeitos negativos no contexto hodierno, o governo federal deve criar projetos junto à comunidade, por meio de implementações que observem o percentual de homens e mulheres nos diversos âmbitos sociais, como escolas e empresas, com fiscalização e punição às discriminações de gênero. Espera-se, com isso, que o exercício de direitos não seja comprometido pela distinção de gênero.