A desigualdade de gêneros no Brasil é um fenômeno histórico, pois é presente desde sua colonização lusitana. Com a vinda de Portugueses vieram também costumes e tradições europeus, onde, um deles, era a subvalorização feminina. Tal fato se enraizou na recém formada sociedade brasileira e se encontra com forte presença até o presente. Esse processo encontrou fatores que auxiliaram sua manutenção na coletividade nacional, são eles: o empoderamento político masculino e o preconceito profissional sofrido por mulheres. Em uma primeira análise, sob a ótica administrativa, é notório o predomínio masculino na administração política brasileira, onde cerca de noventa porcento dos cargos são ocupados por homens. Esse domínio masculino promove uma secundarização de pautas relacionadas a igualdade de gêneros, pois, de acordo com Maquiavel, aqueles que detém o poder vão tomar todas as medidas necessárias para a manutenção do poder. Assim sendo, a questão da igualdade entra em confronto com o machismo, que busca a manutenção de privilégios masculinos. Em vista de solucionar tal confronto, o movimento feminista busca incentivar a participação feminina na política de forma a dar às mulheres os mesmo direitos e condições secularmente monopolizados por homens. Ademais, sob um prisma social, a mulher é alvo do discurso de “papel biológico” onde ela seria responsável pela criação dos filhos, enquanto ao homem seria dado o papel de sustento financeiro da família. Tal discurso obedece às condições de padrão normativo, descritos por Foucault, ou seja, a sociedade, pautada no machismo, reproduz um discurso no qual a mulher deve abdicar de sua carreira para criação de uma família, até que os indivíduos passem a aceitar essa visão como correta. Tal preconceito é responsável pela submissão feminina, visto que força a dependência masculina e pela difícil ascensão profissional, já que devido a pressões sociais, a mulher acaba abandonando o trabalho em prol do cuidado para com a família. Para reversão desse problema, é preciso que a sociedade deixe de ser conivente com a manutenção desse discurso e passe a exaltar a participação feminina. Em suma, é possível concluir que a manutenção do poder político por homens e a conivência social com a submissão feminina são grandes causas para a dificuldade na implementação de igualdade de gêneros no Brasil. Para solucionar essa questão é preciso que movimentos feministas provoquem na sociedade uma mudança de paradigma, através de discursos públicos, propagandas em mídias de comunicação. A partir da mudança de paradigma social é importante pois a partir desse ponto a comunidade vai iniciar um processo de reconhecimento da participação feminina e uma ampliação de sua presença política, tornando assim a igualdade de gêneros uma realidade.