Título da redação:

Dissabor

Proposta: Obesidade: problema de saúde ou problema social?

Redação enviada em 07/09/2017

A obesidade é a maior pandemia da sociedade atual. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, essa é a doença que mais cresce e mais mata no mundo. Diante desse quadro, aspectos relevantes relacionados a tal fenômeno são a industrialização do setor alimentício, a obesidade infantil e a aversão a obesos. Primeiramente, cabe frisar que o processamento industrial de alimentos é um dos principais precursores da obesidade. Segundo a diretora do School Food Project, Ann Cooper, essa prática começou após o fim da segunda guerra mundial, quando as tecnologias desenvolvidas para os conflitos passaram a ser usadas nas indústrias de bens de consumo, como alimentos enlatados e artificiais. Tais produtos possuem uma combinação ultrapalatável com grandes doses de açúcar, gordura e sal, a qual acarreta vício alimentar, condicionamento do paladar a esses sabores e acentuado ganho de peso, haja vista que agrega à dieta diária um alto valor de "calorias vazias", conceito criado pelos nutricionistas para designar alimentos muito calóricos e pouco nutritivos. Em referência a esse assunto, o livro "Sugar blues" esmiuça toda a história do açúcar como uma droga alimentar. Ademais, a obesidade na infância também cresce de forma alarmante, devido ao sedentarismo e à vulnerabilidade das crianças para escolherem e se informarem sobre aquilo que consomem. Assim, elas adotam um estilo de vida com muitos eletrônicos e quase nenhuma atividade física e com muitos alimentos ultraprocessados e quase nenhum natural, como mostrado no documentário "Muito além do peso", o qual alerta que apenas um pacote de biscoito recheado equivale a oito pães franceses com muita gordura e açúcar. Dentro desse contexto, dados divulgados pela secretaria de direitos humanos revelam que 33,5% das crianças brasileiras são obesas e que a cada 5 delas apenas 1 conseguirá emagrecer quando adulta. Nesse tocante, a Unimed e a Unicef promovem a campanha "obesidade infantil não", dando dicas de alimentação saudável. Por outro lado, também existem sérios impactos sociais gerados pela obesidade. Nesse sentido, o fenômeno da gordofobia abrange o preconceito e a discriminação contra os obesos no mercado de trabalho, nas instituições de ensino, nos meios de transporte, em lojas de roupas, em boates, etc. Sobre esse último exemplo, uma reportagem do programa "Conexão repórter", do SBT, realizou um teste mostrando que uma mulher magra e dentro dos padrões de beleza atuais conseguia entrar em uma boate sem convite e sem pagar, enquanto uma obesa era simplesmente impedida de entrar, mesmo pagando. Além disso, um estudo inglês revelou que obesos têm 20% menos chances de casar e 50% menos de cursar o nível superior, salários 9% menores e sete vezes mais propensão à depressão. Somando-se a isso, há o preconceito travestido de brincadeiras, como nas expressões "gordice" e "tinha que ser gordo", gerando a ideia de que só gordos gostam de comer algo gostoso e de que o peso define que aquela pessoa só tenha escolhas ou atitudes erradas, respectivamente. E a origem de todas essas distorções é o paradigma judaico-cristão clássico, o qual relaciona a obesidade com falta de auto-controle, inteligência emocional e retidão espiritual, incapacidade para gerenciar a própria saúde e fracasso pessoal, o que leva a sociedade a marginalizar os obesos até hoje. Dessa forma, a obesidade é um problema multifatorial que deve ser enfrentado com consciência, conhecimento e respeito. Para tanto, o ministério da saúde deve sancionar uma lei que obrigue empresas alimentícias a informarem de forma clara as doenças que as quantidades de sal, gordura e açúcar presentes em seus produtos podem causar, objetivando conscientizar sobre seus riscos à saúde, a exemplo do que ocorre nas embalagens de cigarros. Além disso, deve implementar a educação alimentar e as cantinas didáticas nas escolas a fim de oferecer lanches menos nocivos às crianças e de ensiná-las a manipularem e a conhecerem os ingredientes de sua refeição, seus benefícios e a relação entre saúde e alimento. Finalmente, as emissoras de televisão devem executar uma campanha midiática inserida no contexto de suas programações, vislumbrando esclarecer os efeitos negativos para as vítimas da gordofobia e a inaceitabilidade desse comportamento por parte de todos os setores da sociedade, desde empresas até os próprios familiares. Dessa maneira, tais medidas têm alta factibilidade para, em um só tempo, reduzir a obesidade enquanto doença física e combater o preconceito social relacionada a ela. Afinal, como dizia Albert Einstein, "as pessoas têm que aprender a olhar menos para fora e mais para dentro de si mesmas". Obs: Gostaria de frisar que o rascunho desta redação manuscrita cabe na folha do enem, embora aqui fique muito maior, devido ao tamanho da letra. Aliás, preciso pedir um favor: tenho sempre dúvida se ponho essa vírgula antes do "devido ao", como nessa frase anterior na qual escrevi "devido ao tamanho da letra". Se puder me tirar essa dúvida, eu ficaria muito feliz e grata. Desde já, obrigada!