Em amplo sentido, possibilismo é o nome moderno para as ideias já antigas do geógrafo Vidal de La Blache, segundo o qual o homem modifica negativamente o meio em que habita, como se observa em diversos aspectos sociais, dado a propensão ao sedentarismo, ocasionando problemas de saúde, haja vista a obesidade. Em primeira instância, analisada separadamente em vieses sociológicos e medicinais, a problemática do sobrepeso deriva da convergência de ambos os aspectos, configurando-se como o resultado retrógrado de fatores criados pela sociedade, seja no estilo de vida ou como consequências de doenças psíquicas. A priori, de acordo com a física newtoniana, toda ação possui uma reação de igual intensidade. Com fundamento no físico clássico, o fato da mecanização dos processos produtivos ter atingido o ápice no século XXI, obtém como reação a sedentarização do trabalhador, que tende a atuar majoritariamente operando computadores, afastando-se das práticas físicas. Ademais, as mudanças no estilo de vida do profissional das grandes cidades brasileiras tendem-se ao consumo exagerado de industrializados, concomitantemente à ausência de práticas desportivas. Em virtude disso, dados fornecidos pelo Instituto de Estatística da USP, publicados no Jornal Folha de São Paulo, apontam que há uma ascendência nos números de óbitos por doenças cardíacas relacionadas à obesidade, em empresas cujos funcionários necessitam permanecer sentados por longos períodos. Ou seja, mudanças sociais, como o sedentarismo laboral, refletem na diminuição da qualidade de vida do trabalhador brasileiro. A posteriori, parafraseando o filósofo Arthur Schopenhauer: “O homem toma os limites do seu próprio campo de visão como os limites do mundo”, assim, pode-se inferir que, por as inter-relações entre sedentarismo e obesidade ser visíveis no cotidiano das grandes cidades, há um apelo maior nos estudos científicos, entretanto, outra perspectiva deve ser abordada: A correspondência entre sobrepeso e doenças psicológicas, como a depressão e a ansiedade, haja vista a notícia veiculada pelo Jornal Cultura, que apontou, em 2016, 30 casos de morte por enfermidades metabólicas relacionadas ao consumo exagerado de industrializados, em consonância com o sedentarismo, cujos pacientes eram diagnosticados como depressivos e utilizavam da má alimentação como recurso de aliviar os sentimentos negativos. Isto é, as práticas que viabilizam a obesidade podem ser reflexos de patologias que muitas vezes não recebem atenção dos profissionais da saúde. Dessa forma, é nítido constatar que a obesidade é acarretada por mudanças sociais e apresenta-se em níveis crescentes. Sendo assim, é de fundamental importância que empresas cujos funcionários possuam uma rotina sedentária, estimulem a prática de atividades físicas, viabilizando descontos em clubes e academias, além de fornecerem, nas alas de refeitório, cardápios propostos por nutricionistas, no intuito de prover uma maior qualidade de vida aos empregados e, consequentemente, favorecer a diminuição das patologias relacionadas às doenças de sobrepeso no Brasil.