A colonização brasileira teve como um de seus pilares o catolicismo, que instituiu a ideia de família como uma entidade composta por pai, mãe e filhos. Devido à força dessa religião no Brasil e ao fato de sua população ser bastante conservadora, as novas configurações familiares causam, muitas vezes, estranhamento e preconceito. Um grande desafio contemporâneo é o convívio com esses novos retratos familiares. No século XX, a maioria dos casamentos duravam a vida toda, diferentemente dos dias atuais, em que a quantidade de divórcios cresce exponencialmente, a ponto de em 5 anos ter aumentado em 75%. Isso contribui para as novas configurações familiares, pois passam a existir casa com pais ou mães solteiros. Há ainda a oficialização da união homo afetiva, a qual proporciona grupos com dois pais ou duas mães e seus filhos adotivos. Apesar das visíveis mudanças, o conservadorismo ainda é bastante presente na sociedade. Há alguns meses, a Câmara dos deputados ressuscitou o "Estatuto da Família", que legitima apenas a união entre homem e mulher. O mais preocupante é que, em uma enquete do portal da câmara, 53% dos pesquisados concordaram com essa definição. Esse fato apenas confirma o preconceito e a intolerância vigente. As crianças, fruto de famílias diferentes do padrão considerado convencional, são as maiores vítimas dessa injustiça, sendo, muitas vezes, excluídas e julgadas pelos colegas de sala e professores. Tudo isso deixa marcas na formação do indivíduo, podendo até gerar danos psicológicos. Por tudo isso, fica evidente que ainda há muito para avançar no que diz respeito à compreensão dos novos quadros familiares. Para isso, é imprescindível uma mudança na mentalidade da população, de forma a abandonar essa mentalidade retrógrada e passar a acolher tais famílias. Nesse processo, é fundamental uma educação que prime pelo convívio com as diferenças, o que é possível através da inserção de disciplinas como Ética e Moral nos parâmetros curriculares nacionais. O Governo, por sua vez, precisa criar estratégias eficazes de punição para os casos de intolerância e preconceito.