No século XIX, Durkheim destacava a família como o mais simples grupo social e cuja história é a mais antiga, no entanto, com particularidades e complexidades. Hodiernamente, as formulações desse grupo variaram de forma significativa, e hoje, pode ser entendido como, uma instituição de relações entre indivíduos ligados por afinidade. Concomitante a isso, a família possui uma grande responsabilidade na formação dos cidadãos e assim, há de se ter atenção aos valores transpassados aos seus componentes e não a sua constituição. Há 3 mil anos, a mitologia grega colaborou com a fundação da civilização mediante a disseminação do modo de vida e as interações familiares dos deuses do Olimpo, influenciando os valores e caráter, inicialmente dos gregos, e posteriormente foi estendido para o ocidente, através dos mitos a exemplo os de narciso, Édipo e Poseidon, dessa maneira, padrões de conduta foram passados por várias gerações, inclusive, alguns permanecem na contemporaneidade. Assim sendo, a família é um polo decisivo na preparação do indivíduo na convivência em sociedade, além disso, é na base familiar que se tem os aportes afetivos, adquirem-se os padrões de comportamento e formulam-se juízos de valor. Logo, no presente, as famílias não são mais vistas como a união de procriadores com o intuito de perpetuar a espécie, atualmente, a sua formulação é extremamente variada. Dessa forma, as discussões quanto ao âmbito familiar devem perpassar não a sua formação, mas a forma que as futuras gerações têm sido criadas para o ambiente social, já que o primeiro contado do indivíduo na construção de muitos conceitos é com sua parentela. Ademais, no Brasil muitos desses núcleos estão em situações alarmantes de negligência, em áreas como educação, saúde, afetando o enraizamento de valores tais como, respeito, tolerância e paz e consequentemente, o desenvolvimento do ser humano como cidadão. Por fim, a sociedade e o Estado devem atentar-se para a garantia de direitos da família, seja ela homoafetiva, monoparental ou tradicional, reprimindo qualquer tentativa de descriminação. Dessa forma, faz-se necessário que o Congresso Nacional legisle um estatuto familiar garantindo os direitos constitucionais para qualquer tipo de composição familiar, pois o reconhecimento legal poderá gerar o reconhecimento social. Ademais, a promoção de atividades pedagógicas lideradas pelo MEC, com o intuito de desencadear ideais de isonomia, tolerância e liberdade para que adentre os lares brasileiros e possam ser disseminados. E assim, finalmente aplicar a frase do sociólogo Durkheim sobre a família: “que nós possamos entrever o que elas são destinadas a ser e o que nós devemos querer que elas sejam”.