No século XVIII, a preocupação de Tomas Malthus diante do crescimento da população humana em paralelo à demanda alimentícia era coerente. A estrutura familiar da época promovia um intenso crescimento demográfico, uma vez que a mesma ainda se limitava à sua estrutura tradicional. Atualmente, o cenário supracitado mudou: é necessário reconhecer o caráter “multifacetado” das famílias, que agora tendem a agregar valores que transcedem a organização rígida e o simples intuito reprodutivo. O modelo de família tradicional pode ser definido com base no campo teórico de Gilberto Freyre, que descrevia a sociedade como fundamentalmente patriarcal. A família, nesse sentido, seria formada pela mãe, responsável pelos afazeres domésticos, pelo pai, responsável pela sustentação, e pelos filhos. Atualmente, tal estrutura se configura não como a única, mas como uma opção – prova disso são os diversos relacionamentos “alternativos” entre pessoas que não se enquadram nos papéis descritos pelo autor citado. Um dos principais movimentos sociais responsáveis pelo surgimento dos ditos “relacionamentos alternativos” é o feminismo. Dentre seus ideais, está a liberdade individual de escolha (ou não escolha) do seu parceiro. É incentivada, assim, a construção de famílias homoafetivas, adotivas, monoparentais, e até mesmo unipessoais. Nesse contexto, é impossível definir, com total abrangência, um conceito de família padrão. Portanto, é evidente a existência de laços familiares divergentes do preceito da estrutura patriarcal, não sendo, necessariamente, laços com objetivos estritamente sanguíneos e reprodutivos. Cabe às instituições de ensino, juntamente com a família, criar ambientes de discussões voltados à validação das pluralidades familiares, adicionando ao currículo escolar disciplinas que prezem respeito mútuo e reconhecimento das diversidades - o que, com certeza, deixaria Malthus mais tranquilo frente às novas faces da família que não contribuem para a disparidade crescimento populacional x alimento disponível.