Título da redação:

A contradição da família

Proposta: Evolução do conceito de família

Redação enviada em 20/05/2018

Durante anos, a noção de família-entidade coletiva de perpetuação da espécie e benefício e sobrevivência mútuos- expressou-se padronizadamente sobre figura centralizada do homem como provedor da esposa e dos filhos. Contudo, as diferentes transformações pelas quais as sociedades humanas depararam-se modificaram profundamente essa organização primordial no que tange ao surgimento de novos conceitos familiares. Todavia, no Brasil atual, as raízes patriarcais ainda estão presentes e são vistas sob a forma do preconceito e da omissão governamental. Primeiramente, é válido destacar que o prejulgamento é um dos responsáveis pela desvalorização de novos laços familiares no Brasil. Embora, no século XXI, exista uma pluralidade de organizações afetivas, muitos indíviduos-principalmente os mais velhos, que tiveram maior contato com o modelo tradicional parental- não as reconhecem como famílias, por se tratarem de desvios do modelo conservador. Como consequência desse fato, muitas mães solteiras que nunca casaram-se ,por exemplo, são vistas por eles como pessoas desvirtuadas que não obtiveram progresso social. Além disso, casais que optam por não terem filhos são questionados e pressionados por conhecidos a revogarem a decisão sob a justificativa de violar a natureza reprodutiva humana. Dessa forma, a herança patriarcal é responsável pela naturalização do preconceito e da intolerância perante a abrangência do conceito de família contemporânea. Ademais, a displicência do Estado brasileiro também é um fator limitante para a ampliação da noção de laço familiar no país. O estatuto da família considera apenas a união entre um homem e uma mulher, por matrimônio ou união estável, e a comunhão de qualquer um dos pais e seus filhos como família. Essa exclusão legal de outros modelos de convívio afetivo, tais como o de casais homoafetivos, é fruto do pensamento conservador presente no Congresso Nacional e contradiz a constituição brasileira, que estabelece a igualdade de todos perante à lei. Portanto, abarcar a diversidade no Estatuto é uma forma eficiente de tornar o conceito de família mais próximo da realidade nacional. Destarte, torna-se evidente que o patriarcalismo influencia a definição desse conceito fundamental no Brasil contemporâneo. Assim, cabe às instâncias governamentais a modificação do Estatuto da Família, a fim de incluir todos os indivíduos, e à mídia a criação, por meio da ficção engajada, de telenovelas que promovam o respeito e a valorização da multiplicidade brasileira, a fim de reduzir o preconceito e a intolerância. Desse modo, a definição de família fará jus as transformações vividas até então.