Em meados do século XX, o mundo viveu sob a égide de um conflito político-econômico-ideológico, denominado Guerra Fria. Nesse período, duas superpotências, Estados Unidos e União das Repúblicas Sociais Soviéticas – URSS –, disputavam a hegemonia bélica, nuclear e tecnológica. Em 1991, essa bipolaridade chegou ao fim com o declínio do socialismo soviético e posterior ascensão do capitalismo norte-americano como modelo econômico. Com isso, difundiu-se pelo globo o anseio pelo desenvolvimento científico, todavia, algumas novas tecnologias não foram totalmente benéficas, suscitando um embate entre ciência e moral. O desenvolvimento científico atrelado às novas técnicas médicas possibilitou um aumento da expectativa de vida, mas ainda existem controvérsias sobre a elaboração de alguns métodos e fármacos. A fosfoetanolamina, por exemplo, surgiu como esperança para milhares de pacientes, tendo seu uso permitido no Brasil em 2016. No entanto, a ausência de experimentos com a pílula do câncer em humanos e a falta de conhecimento sobre seus efeitos em longo prazo, preocupam a AMB – Associação Médica Brasileira –. Uma das consequências de sua regulamentação é o possível abandono do tratamento convencional da patologia, bem como o crescimento de alguns tumores, prejudicando ainda mais os atingidos. Ademais, segundo David Hume, filósofo escocês do século XVIII, todo o conhecimento indutivo, como a ciência, baseado na repetição de observações é inseguro, uma vez que é fundamentado nos hábitos e não na estrutura da natureza. Atualmente, é possível notar uma busca incessante por tecnologias, as quais, muitas vezes, interferem diretamente nos costumes de determinada sociedade. O Japão, por não possuir muitas opções energéticas, tem as usinas nucleares como maior fonte de energia. Apesar dos inúmeros testes realizados sobre a eficácia e segurança do processo, em 2011, com a ocorrência de um tsunami, houve um grave acidente nuclear em Fukushima, responsável pela retirada de habitantes do local, além de ter causado diversas doenças e mutações genéticas. Destarte, é inegável que o diálogo entre o progresso científico e moral ainda é dificultoso, e que, muitas vezes o primeiro se sobrepõem ao segundo. Devido a isso, é importante que o Governo Federal e aos centros universitários a realização de maiores investimentos em pesquisa, a fim de amenizar as consequências negativas dos projetos tecnológicos na sociedade. É importante que países que apresentam a geração de energia nuclear revisem sua matriz energética, de modo que reduzam o uso dessa metodologia. Por fim, cabe à sociedade minimizar o consumo de produtos científicos que não sejam benéficos, a fim de amenizar seus efeitos.