O século 20 norte-americano foi marcado pelo excepcional desenvolvimento tecnológico, proveniente dos investimentos no setor armamentista, e a expectativa de uma sociedade justa, fomentada pelas políticas de bem-estar social. O “american-way of life” era o objetivo da maioria das nações americanas, que justificaram os impactos morais e ambientais com a propaganda do desenvolvimento. Entretanto, como analisado por Thomas Piketty, a previsão não se concretizou, já que, a partir da década de 1980, a desigualdade somente aumentou. É inquestionável que a desigualdade econômica pura fora gerada pela absorção do capital por instituições bancárias e “holdings”. Porém o recuo da justiça social é resultado do desmanche das instituições públicas, ação deliberada neoliberal dos governos, que foram incapazes de prever que empresas globalizadas não substituem essas, porque não promovem o desenvolvimento tecnológico e capacitação local. É nesse cenário que o “american-dream” é extinto, porque as camadas baixas são incentas de capital suficiente para investir no seu desenvolvimento. A corrida incesante pelo crescimento dos países subdesenvolvidos impacta drasticamente o meio ambiente, seja pela exportação de “commodities” ou instalação de multinacionais, piorando a saúde e portanto a qualidade de vida da população. Já a macrocefalia dos centros urbanas concretizou uma sociedade baseada no consumismo de serviços, iludida com a noção de acesso pseudo-universal ao conhecimento, já que o mesmo não se valida quando não a investimento para coloca-lo em prática. É impresindível que o Estado impeça o sucateamento das instituições públicas existentes e estude com maior precisão os investimentos feitos no setor privado com capital público. Depende da sociedade exigir seus direitos constitucionais, promover manifestações culturais e se pronunciar sobre a falta de mobilidade social. Já as empresas devem respeitar as leis vigentes e executar o manejo dos recursos de modo consciênte.