As Revoluções Industriais propiciaram uma euforia na sociedade, já que, a partir das mudanças na forma de produção e novos artigos no mercado, existe a expectativa de um iminente crescimento econômico e melhoras sociais. Partindo dessa ideologia, o mundo científico é estimulado a realizar mais pesquisas e assim, há uma constante renovação de produtos tecnológicos. Todo esse progresso impactou a natureza e, de início, causou uma certa preocupação em escala global. Entretanto, o meio ambiente e as alterações negativas nele ocorridas, continuam a ser usados como propulsores da evolução da ciência. As modificações nos ecossistemas globais, principalmente as relacionadas ao aumento de temperatura são, atualmente, exploradas visando uma lucratividade futura. O derretimento da calota de gelo, no Polo Norte, ao invés de ser visto em sua totalidade como um risco em potencial à biodiversidade e ao clima do planeta, representa para sociedades capitalistas, como os EUA, Canadá e Rússia, a possibilidade de obterem novas rotas comerciais e aumentarem a exploração de petróleo, submetendo a um segundo plano os estabelecimentos de diversas convenções que visam conciliar os atos humanos e a natureza. Thomas Hobbes, importante filósofo inglês, analisou o instinto predatório do homem e o estendeu para a sua própria espécie e, partindo desse prisma, formulou sua célebre frase - "O homem é o lobo do homem". Portanto, ao observar o tratamento frívolo dado às condições caóticas do meio ambiente, denota-se que a consciência do ser humano será despertada apenas quando houver uma insalubridade irreversível que atinja diretamente a sua qualidade de vida e e freie a avidez pelo progresso. As medidas para reverter tal situação devem partir da própria comunidade científica, aliada aos governos dos países, objetivando, através de palestras públicas que projetem o amanhã catastrófico moldado pelo próprio homem, mudar sua mentalidade capitalista e aumentar seu interesse em questões ambientais. O engajamento dos cidadãos em tais assuntos conduziria seus representantes a promoverem diversas mudanças significativas, como o aumento da rigidez das leis ambientais e de estímulos a um posicionamento sustentável de indústrias por meio de benefícios fiscais. Assim, caso tais proposições sejam encaradas com seriedade, o avanço tecnológico estaria conciliado com a natureza e o contínuo progresso seria possível.