Título da redação:

Diálogo, ética e consenso

Tema de redação: O progresso: entre o científico e o moral

Redação enviada em 20/08/2016

Já é um clichê hollywoodiano a retratação de cenários futurísticos em que, concomitantemente, há muita tecnologia e a vida é precária, em um aparente paradoxo explicado pela total degradação ambiental. Para se evitar, hoje, esse futuro distópico, é necessário se corrigir o descompasso entre o progresso científico e a preservação ambiental, essa que, no Brasil, é um dever não só do Estado, como também da sociedade. No final do século XIX, pós a Segunda Revolução Industrial, a ideia do progresso era unicamente científica. Por meio de uma visão determinista e positivista, era propagado a ideia da superioridade da humanidade perante a natureza, em um período permeado pelo sentimento otimista trazido pelos avanços tecnológicos. Porém, as consequências da Primeira Guerra Mundial levaram à primeira grande reflexão acerca dos fins da ciência, que, assim como pode gerar inúmeros benefícios, tais como evolução na área de transportes e da medicina, pode, também, causar genocídios, fome e aumento da desigualdade social. A partir desse ponto, vem sendo objeto de estudo da Sociologia a estreita relação da moral com o progresso, fomentando, assim, discussões sobre a problemática. Um exemplo disso hoje é a área da biotecnologia, que tem seu potencial inventivo freado, de forma justa, pela influência das ciências humanas, que procuram sempre situar as novas questões em parâmetros éticos. Entretanto, é observável um certo círculo vicioso. Esse começa pelo fato das problematizações, na maioria das vezes, serem discutidas após algum desastre acontecer, e não antes, como seria preferível que fosse. É necessário, por exemplo, que ocorra uma tragédia ambiental, como o da usina nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, para se discutir a problemática da localização e segurança desse tipo de usina. Porém, passados alguns anos e tendo a opinião pública se acalmado, cessaram-se quase que por completo as discussões, de modo que seria muito mais fácil hoje construir uma usina com problemas estruturais do que no ano do acidente. Para Jürgen Habermas, filósofo, a ética tem de ser estabelecida a partir do diálogo e do consenso, para poder, assim, se chegar em um bem comum. Para isso, é imprescindível que a sociedade se torne mais interessada e apta a discutir e a ouvir, fazendo exigências e dando concessões, não permitindo, assim, que o progresso econômico de uns diminua a qualidade de vida para muitos. Depreende-se, portanto, que somente com a atuação conjunta do Governo com a sociedade será possível resolver o impasse. É imperioso que haja uma educação ativa na escola, em que, através de discussões, gincanas e diálogos se discuta o tema, provocando reflexões que levem os jovens a pensar mais no bem coletivo e no progresso aliado com a harmonia da natureza, podendo haver, também, a participação e colaboração dos pais. O Estado, por sua vez, deve priorizar pesquisas a respeito da precaução para quaisquer projetos tecnológicos, e, ademais, repassar os estudos para os diversos segmentos da sociedade, para que esses tenham mais subsídio para também serem cidadãos mais ativos. Dessa maneira, será possível que as próximas gerações desfrutem de uma realidade diferente das dos filmes.