O progresso científico é o motor que impulsiona a humanidade a evoluir desde os primórdios de sua existência. Apesar de ser responsável por conquistas louváveis, como o aumento da qualidade e da expectativa de vida populacional, o progresso submete-se aos interesses capitalistas, valorizando o lucro em detrimento da moral e da ética. Ainda que existam tecnologias de ponta voltadas para a área médica, grande parcela da população morre a espera de atendimento. Os países europeus foram capazes de erradicar doenças endêmicas, como a malária, no entanto um contingente populacional da África é dizimado anualmente por conta dessa enfermidade. A recente ascensão do grupo terrorista Estado Islâmico demonstra as duas faces da energia nuclear, a qual apesar de fornecer energia elétrica, é também utilizada para a construção de bombas atômicas. A função da ciência é a de proporcionar crescimento intelectual, porém fica claro que muito mais que avanços na área tecnológica, o homem precisa refletir se é moralmente correta a maneira como o progresso científico afeta a sociedade - acessível aos que podem pagar seu preço, indiferentemente se a finalidade é para curar ou matar. As tecnologias desenvolvidas pelo homem foram essenciais para a continuidade da espécie: desde as primeiras células que originaram os complexos sistemas orgânicos atuais, como o nervoso, até a contemporaneidade, conhecida pela ascensão da engenharia genética e seu próprio processo de seleção natural, que oferece a indivíduos soropositivos a possibilidade de serem pais de uma criança saudável. O problema está na forma como a ciência é distribuída socialmente, sempre a privilegiar os que detém o poder e acentuando as desigualdades, além de dispor dos recursos naturais de modo displicente. É evidente a necessidade de progredir, contudo, paralelo a isso, deve haver o questionamento dos prós e contras para a humanidade, priorizando uma divisão ética dos recursos entre as diversas camadas que compõe o universo social. Nesse cenário, o papel das ONGs emerge como fundamental para conscientizar a população sobre a cobrança de uma divisão igualitária dos recursos e a exigência da criação, por parte do governo, de políticas que permitam o uso tecnológico apenas quando houver um estudo prévio sobre os impactos morais, sociais e éticos. É válido também o incentivo governamental ao ensino de matérias escolares que estimulem a reflexão, como Sociologia e Filosofia, ideais para ajudar a desenvolver uma maior capacidade de questionamento individual, fazendo do progresso científico o melhor aliado do homem.