Recém-nascidos. Brancos. Saudáveis. Essas são algumas das características das crianças mais adotadas nos dias de hoje no Brasil. Segundo dados do Conselho Nacional da Justiça (CNJ), existem cerca de 6 mil crianças precisando de adoção para 30 mil famílias querendo adotar. Ora, esse número soa contraditório se comparado a quantidade de crianças que se encontram nos orfanatos. Por esse motivo, a adoção no Brasil apesar de muitas conquistas ainda enfrenta muitos desafios, como o preconceito. Em primeiro lugar, é válido destacar que a maior parte da população brasileira é miscigenada, o que torna incoerente a preferência de adotar crianças de pele mais clara. Esse problema é devido ao senso comum e a herança da escravidão que nossa sociedade carrega. É perceptível a maior quantidade de pessoas brancas nas publicidades e em funções superiores. Nesse cenário, faz-se necessária a conscientização da população por parte da mídia, do poder público e de cada indivíduo para erradicar esse impasse. Além disso, a adoção de adolescentes também fica prejudicada pela falta de informação sobre os cuidados que essa faixa etária requer. É notório o preconceito nesse tipo de adoção ao se alegar que esses jovens já têm caráter formado e por serem, na maioria das vezes, pobres e de origem de periferias. Com isso, necessitam de cuidados especiais, como psicólogos, por terem atraso nos estudos ou terem sido influenciados a roubar, por exemplo. Em contrapartida, o processo adotivo no Brasil tomou maiores proporções ao longo dos anos. Conforme o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), o número de adoções de crianças deficientes aumentou e isso é um avanço social. Nesse contexto, o filósofo Sigmund Freud afirmou que o ser humano é altamente influenciável, isto é, quanto mais pessoas adotarem e terem menos preconceito, mais a sociedade tende a fazer o mesmo. Fica evidente, portanto, que o processo adotivo em questão já está muito próximo do ideal, contudo medidas são necessárias para sua melhora. Logo, por parte do poder público, é essencial a elaboração de folhetos explicando como funciona o processo de adoção para informatizar as pessoas, além de disponibilizarem maiores verbas para os municípios na contratação de psicólogos atendam as dúvidas dos adotandos. Por conseguintes, as mídias poderiam divulgar nas novelas diversos casos de adoção, que apesar de difícil tem consequências bem-sucedidas. Por fim, cabe a família influenciar essas práticas para que o preconceito seja extinto e o respeito seja passado de geração a geração.