O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, no Brasil, a adoção como forma de proteção e garantia de uma vida digna ao indivíduo em questão. Acerca disso, pode-se dizer que que esse processo atua como importante instrumento social, mas ainda apresenta paradigmas que devem ser avaliados e superados. Em primeiro plano, deve-se ressaltar que a adoção impede a exclusão social do indivíduo. Isso acontece porque ela permite que uma criança sem referências e perspectivas receba as condições necessárias para seu desenvolvimento pessoal, previstas pela Pirâmide de Maslow, como segurança, estima, relacionamentos e outros fatores. Todavia, nota-se que tal ação é prejudicada pelo excesso de burocratização do processo, que torna-o lento, cansativo e sujeito à desistência dos candidatos. Ademais, é importante destacar que, mesmo com um crescente número de adotantes, o preconceito e a falta de informação dificultam tal ato. Isso ocorre porque, muitas vezes, as famílias em potencial exigem crianças que se enquadram em um determinado perfil -pele branca e idade abaixo de um ano-, mas que fazem parte de uma pequena parcela dos infantos disponíveis para a adoção. Assim, o negro e o adolescente, por exemplo, apesar de representarem a maioria esmagadora desses, têm dificuldades de serem filiados. Dessa forma, observa-se que essa realidade acaba agravando a sensação de abandono e exclusão dos grupos em questão. Portanto, pode-se afirmar que a adoção possibilita diversas oportunidades na vida dos indivíduos, mas enfrenta sérios problemas estruturais e culturais. Para que esses sejam superados, é necessário que o legislativo federal atualize e flexibilize as leis, ao passo que o judiciário agilize os processos vigentes. Isso deve ser feito a fim de facilitar a ação, para que essa deixe de ser penosa e exaustiva, tanto para adotantes quanto para adotados. Além disso, cabe às mídias e ONGs especializadas promoverem, por meio de campanhas e propagandas, a conscientização e o incentivo à adoção de diferentes grupos étnicos e etários. Assim, essas medidas farão com que o número de adoções no país cresça, contribuindo para a construção de novas famílias.