Na antiga cidade-estado de Esparta, a procriação tinha como principal função gerar bons guerreiros e mulheres de casa, assim, recéns nascidos com alguma deficiência eram mortos ou segregados da sociedade. Nesse panorama, hoje, no Brasil, crianças e adolescentes, vítimas de uma segregação semelhante a pólis grega, são levados para instituições para encontrem uma nova familía. Nesse contexto, observa-se que o processo adotivo no Brasil enfrenta diversos desafios e contradições, tal realidade tem como causas paradigmas sociais, o que gera diversas consequências para quem era um novo lar. Primordialmente, é certo afirmar que o preconceito e dificuldades burocráticas dificultam o processo de adoção no Brasil. Nesse sentido, sob o viés do levantamento do Conselho Nacional de Justiça(CNJ), o qual apontou que existem cerca de 6 pessoas na fila de espera de adoção para cada criança, infere-se que tal realidade representa um paradoxo baseado no preconceito enraizado na sociedade, uma vez que, em suma, crianças e adolescentes que se encontram em orfanatos, são negras e advindas de locais de alta vulnerabilidade social. Logo, a idealização da criança branca e de olhos azuis é frustrada, o que gera desinteresse nos possíveis adotantes. Ademais, a burocracia envolvida no processo de adoção torna ele demorado, logo, muitas pessoas que querem adotar acabam por ficar muito tempo na fila e podem acabar desistindo. Em segunda análise, cabe ressaltar que o processo adotivo, quando tratado de forma ineficiente, pode acabar se tornando trumático, deixando sequelas graves. Sob essa perspectiva, tal realidade faz analogia ao Darwinismo Social, pensamento que surgiu entre o meio cientifíco no século XIX para justificar a "superioridade" certos grupos. Assim sendo, crianças e adolescentes que estão sujeitas a essa inferiorização, podem acabar se revoltando contra a sociedade que as rejeitaram. Dessa forma, observa-se a importância do processo de adoção abranger todos que esperam um novo lar e ocorrer da forma mais rápida possível. Portanto, inquestionavelmente, medidas devem ser tomadas para solucionar os impasses no processo de adoção no Brasil. O Ministério da Justiça deve realizar a contratação de um maior número de pessoas para trabalharem com o pleito adotivo, dessa forma, o processo se tornará mais rápido e assim, menos traumático. O Conselho Nacional de Justiça, em parceria com a mídia televisiva, deve estimular a adoção de crianças e adolescentes que encontram-se fora dos padrões idealizados, por meio de campanhas publicitárias, dessa maneira, o número de crianças e adolescentes esperando um novo lar será diminuído.