Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 21/06/2016

O Brasil sofre, atualmente, com um inquietante paradoxo. Mesmo com a existência de uma grande fila de espera de casais interessados em adotar e a presença de muitas crianças e adolescentes que aguardam pela adoção, o processo adotivo, muitas vezes, não concretiza-se, devido a mitos, medos e uma “cultura de adoção” instaurada no país que gera dolorosas consequências àqueles que recebem sucessivas rejeições por serem considerados fora dos padrões buscados. Existem mitos e medos sobre o processo adotivo, que dizem respeito a verdade sobre a origem da criança, como será no futuro com a revelação da adoção e uma preocupação exacerbada com a opinião da sociedade que, lamentavelmente, ainda privilegia o chamado “laço de sangue” como indispensável à constituição familiar, constituindo fatores que faz famílias com potencial para a adoção deixar de concretizá-la ou sujeitar-se a padrões, fomentando a “cultura de adoção”, em que crianças recém-nascidas, brancas e avaliadas como saudáveis são as mais visadas pelas famílias. Com isso, os padrões estabelecidos fazem que crianças e adolescentes negras, pardas, deficientes ou com algum problema de saúde sejam repetidamente rejeitadas. A rejeição costuma ser impactante na vida destes atuando, inclusive, nas relações interpessoais da vida adulta, pois gera, além da sensação de culpa por não ter conseguido ser bom o suficiente, por não ter correspondido as expectativas dos adotantes, uma sensação de menos valia, de que existe algo de errado em si mesmo, que pode ser levada por toda a vida. Nota-se, logo, que faz-se necessário que o Estado financie programas de TV e vídeos na internet que desmistifiquem o processo adotivo para que, assim, a sociedade mude, pouco a pouco, a visão paradigmática que possui de família. Além disso, é preciso o auxílio da ciência psicológica para orientar, apoiar e estimular famílias a, no memento da adoção, serem flexíveis a qualquer criança e/ou adolescente, além de oferecer orientação sobre como lidar com o preconceito, ainda persistente na sociedade, e como agir em momentos delicados, como a revelação à criança da adoção. É primordial, pois, que a “cultura da adoção” seja abolida e que não mais crianças ideais sejam visadas, mas sim crianças reais.