A Constituição de 1988 estabelece que o direito à convivência familiar é "absoluta prioridade" para a infância e a adolescência. Desse modo, no contexto das crianças que, por algum motivo, tiveram que ser afastadas de suas famílias biológicas, a adoção entra como forma de reconstrução dos valores familiares abalados. Entretanto, mesmo que a prática da adoção tenha se tornado mais comum entre os brasileiros, ainda há obstáculos a serem transpassados. Um dos desafios à baixa da enorme fila de adoção nos orfanatos é a divergência entre o perfil imaginado pela família adotiva e o perfil das crianças cadastradas. Apesar da preferência racial ainda ser um entrave, é o favoritismo por menores de 6 anos o maior deles. Enquanto o número de adoções de crianças nessa faixa etária cresce em progressão aritmética, a fila daquelas acima dessa idade cresce em progressão geométrica. Além disso, há uma desigualdade em relação ao número de crianças aptas a serem adotadas e aquelas cadastradas no CNA (Cadastro Nacional de Adoção). O CNA permite o alcance nacional do processo adotivo ao agrupar informações das Casas de Adoção de todos os sstados do país, aumentando as chances das famílias de encontrarem a criança "ideal". No entanto, isso não acontece, visto que o número de cadastros é bem inferior ao de crianças vivendo em abrigos. Assim, é inegável que o processo adotivo é ainda composto por falhas. Para reverter esse quadro, o governo estadual poderia - através do seu espaço de concessão na televisão - veicular campanhas publicitárias que valorizassem a adoção de crianças cujos perfis são os menos procurados. Ademais, a vara da Infância e Juventude deve convocar os magistrados a fazerem o cadastro das crianças no sistema do CNA, de modo a maximizar as chances dessas de serem adotadas.