Todos os dias, milhares de crianças esperam pela adoção. Elas foram desprovidas de suas famílias por sérias razões como violência doméstica e impossibilidade de alimentação e moradia. Após passarem por tais pesadas situações, seria um colírio para os olhos saber que há mais casais buscando adotá-las do que crianças para adoção. Porém, ledo engano. Infelizmente, por mera preferência no perfil do adotado, milhares de casais na fila para adoção recusam sistematicamente centenas de crianças. Por mais que seja uma conquista a retirada do menor de situações precárias e sua possível reinserção em um seio familiar, é cruel o desafio enfrentado por essas crianças para serem selecionadas por tamanho perfil ignóbil. Atualmente, é clara a preferência de milhares de aspirantes a adotantes por crianças menores de cinco anos. Esta vontade de criar uma criança desde seus primeiros passos, por mais inocente, nega a adoção à centenas dessas crianças por conta de algo tão passageiro como a idade. É uma solução para essa questão o incentivo à adoção tardia (de crianças de elevada faixa etária), porém tal prática é ainda pouco conhecida e estimulada. Além do próprio perfil etário, outro desvio ao padrão mais desejado é o próprio porte físico. Quanto a esse perfil de aparência, crianças de cor de pele mais escura, com problemas de saúde (como asma) ou portadores de condições especiais (como surdez) são claramente menos procuradas do que crianças alvas. Tal desejo por determinadas características biológicas, além de preconceituoso, é prática questionável e combatida através de adoções de famosos. Uma dessas adoções foi a de uma criança africana pela Angelia Jolie. Por conta do constatado, é imprescindível a modificação desse perfil de adoção o tanto quanto possível. Levando tal consideração em conta, é vital que o serviço social dialogue extensivamente com os adotantes de forma a mostrar tanto o quão mais fácil é adotar crianças fora dos padrões mencionados quanto as mazelas enfrentadas por menores que desviam do padrão e por isso não são adotados. Além de incentivar mais essa prática por parte do serviço social, o governo federal deve iniciar massivas campanhas midiáticas utilizando biografias autorizadas de adotados com mais de cinco anos de forma a estimular o conceito e, um dia, mudar essa triste realizade da adoção, tornando-a uma verdadeira esperança à toda criança carente.