A adoção colabora para novas configurações familiares. As partes envolvidas nesse processo se complementam com a nobre finalidade de construir uma nova realidade: a de pais e filho. Entretanto, a condição burocrática e as restrições impostas por aqueles que pretendem adotar uma criança são situações que freiam as adoções. A situação burocrática em uma adoção é um processo extremamente desgastante para aqueles que o enfrentam.De certa forma, é preciso compreender que adotar uma pessoa significa cuidar dela durante toda a vida oferecendo-lhe segurança emocional e financeira e, por esse viés, a demora no andamento desse ato se justifica pelo senso de responsabilidade envolvido. Além disso, antes de a criança pertencer à família, os futuros pais participam de cursos para adotantes e iniciam a experiência de aproximação com a criança. Porém, em cerca de 30% dos casos, de acordo com a revista Veja, a criança ainda não foi destituída de sua família biológica podendo ser reclamada na justiça para a "devolução" à sua origem, prática traumatizante tanto para os pais quanto para o filho. Nesse contexto, estima-se que para cada criança na fila de adoção, há seis famílias interessadas. Contudo, mais da metade desses futuros pais preferem crianças com menos de cinco anos, brancas e sem irmãos. Essa exclusão silenciosa bem como a pouca quantidade de profissionais qualificados para o serviço, contribuem para a longa espera nas filas de adoção. Essa espera muitas vezes indicam um "atalho" de adoção consensual em que a mãe entrega seu filho para terceiros, prática que contraria o código civil brasileiro. Além disso, a idealização de uma criança baseada nesses perfis a distanciam da criança real e do propósito inicial da adoção que é o de oferecer e de receber amor independentemente de estereótipos, já que o fator que movimenta essa decisão é a verdadeira vontade de vivenciar a experiência de ser pai ou de ser mãe. Para Platão, o mundo ideal existe apenas no campo das ideias, em uma realidade paralela, inalcançável para humanos em um contexto latente de imperfeição. Diante disso, é preciso buscar meios para que o processo adotivo seja otimizado e incentivar a adoção para crianças que tenham perfis diferenciados. Para isso, o Governo Federal deve promover concursos públicos para contratar mais pessoas para agilizarem os trâmites da adoção. Da mesma forma, a partir que uma criança for registrada pelo Estado, deve ser automaticamente destituída de sua família biológica evitando assim traumas para os futuros pais e para a criança. A televisão, e o rádio em parceria com o Estado e com o ECA devem promover palestras em orfanatos e campanhas nas mídias indicadas, esclarecendo a importância da adoção em qualquer idade, e em qualquer etnia. Dessa forma, o indivíduo terá a possibilidade de conhecer novas oportunidades para adoção.