Título da redação:

Os olhos são cegos, é preciso ver com o coração

Proposta: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 23/06/2016

Adotar é um ato de abnegação e amor ao próximo, e mais de 30 mil brasileiros querem tomar essa atitude. O Brasil conta com cerca de 5,6 mil menores para adoção, o que daria em média uma criança para cada 6 adotantes; porém, o número de jovens em abrigos não para de crescer. Isso se deve à união entre um processo adotivo falho e o preconceito dos adotantes em relação a alguns grupos de crianças. Primeiramente, um dos fatores que mais agravam a situação é a incompatibilidade entre o perfil de criança almejado pelos futuros pais e o perfil existente no país. A maioria dos adultos (74%) querem crianças com menos de 4 anos, que correspondem a 4,1% do total – este fenômeno ocorre por conta da tentativa de reproduzir de forma mais verossímil a experiência de ter um filho biológico. O preconceito também influencia: apenas 8% dos que estão na fila para adotar aceitam pequenos com alguma deficiência, no entanto estes representam 22%. Não obstante, a burocracia do processo se mostra outro aspecto problemático. Muitas crianças não estão disponíveis para adoção em virtude da demora do processo de destituição do poder familiar da família biológica – e nesse meio tempo, elas envelhecem e suas chances de serem filiadas diminuem. Além disso, existe uma carência na quantidade de funcionários nas Varas da Infância e Juventude, não atendendo a demanda de forma satisfatória e tornando o processo mais longo. Por conseguinte, para mudar a condição da adoção no Brasil, algumas ações devem ser tomadas. O Conselho Nacional de Justiça deve realizar campanhas para conscientizar os futuros pais, encorajando-os a adotar grupos deixados de lado, pois como disse Antoine de Saint-Exupéry “Os olhos são cegos. É preciso ver com o coração...”. Além disso, o CNJ deve incentivar o judiciário a agilizar o processo; o Congresso Nacional deve revisar as leis regentes sobre o sistema adotivo; e por fim, são necessários mais concursos públicos para suprir a falta de funcionários em Varas da Infância e juventude, a fim de cumprir a demanda.