O capitalismo funciona a partir da manutenção das desigualdades, por meio da invisibilidade seletiva. Esse sistema econômico cria uma ideologia que transforma tudo em mercadoria. Infelizmente, tal viés, permeia o processo adotivo brasileiro, no qual, da mesma maneira que se escolhe um produto, crianças são selecionadas seguindo critérios fenotípicos julgados melhores que outros. Nessa perspectiva, é válido o questionamento de como a sociedade e a União podem combater esse transtorno. Embora, ao longo dos últimos anos a procura dos indivíduos por adotar uma criança tenha aumentado, a mentalidade seletiva persiste. Os desafios intrínsecos a essa problemática, estão relacionados aos critérios exigidos pelos possíveis adotantes. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, para cada criança na fila de adoção há seis famílias interessadas. Contudo, 6 % dos infantes têm menos de um ano de idade, faixa etária solicitada pela maioria dos cadastrados. Além da questão etária, os aspectos raciais, bem como a presença ou não de enfermidades também são fatores que influenciam na escolha. Logo, é necessário que os indivíduos compreendam o real aspecto da adoção, de que não se deve buscar um perfil ideal, uma vez que seres humanos não são produtos. Ademais, é preciso observar as causas que levam as crianças ao processo adotivo. Estas estão relacionadas a fatores estruturais do país, como as disparidades sociais que promovem a marginalidade de muitas pessoas. Com isso, a adoção é uma maneira de dar oportunidade a quem teve seus direitos suprimidos. Entende-se, portanto, que é necessária a intensificação de políticas públicas do Estado que incentivem a adoção tardia e sem seletividade de qualquer gênero. A sociedade deve contribuir com a criação de mais ONG´S que orientem os adotantes, bem como incitem o apadrinhamento. Ademais, a mídia, que possui grande influência na construção de pensamento das massas, deve estimular e enraizar na população a importância da adoção desprovida de exigências discriminativas.