Título da redação:

Esqueceram-se deles

Proposta: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 01/07/2016

No filme "Esqueceram de mim", uma criança deixada em casa por seus pais fez expectadores brasileiros se divertirem. Contudo, saindo da ficção para as ruas dos grandes centros urbanos, o que se vê são milhares de crianças esquecidas. Diferentemente do filme, seus pais nem sempre retornam no final. Uma solução possível para esse abandono é a adoção, mas, infelizmente, os estereótipos higienizados emperram esse mecanismo. Os motivos para que uma criança fique disponível à adoção podem ser os mais sombrios imagináveis. Parte delas viviam em situação de rua e foram destinadas a orfanatos. Outras vieram de abusos que aconteceram onde elas deveriam chamar de lar. Tentando amparar essas crianças fragilizadas, o governo busca intervir, mas acaba gerando outro problema: a burocracia. O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, criado em 1990, é um exemplo de boa inciativa estatal em defesa das crianças. Entretanto, sua legislação carece de atualizações que facilitem a adoção em casos específicos, como o dos casais homossexuais. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, existem mais candidatos a adotadores do que a adotados. O empecilho está no critério segregativo dos que querem adotar: majoritariamente preferem bebês brancos. Ao que indica, para eles as crianças fora desses padrões enfrentariam dificuldades na "integração familiar". A partir do exposto, fica evidente a triste realidade da criança candidata a adoção no Brasil. Ela é duplamente abandonada. Por ser o comportamento do adotador de grande peso para que essas crianças sejam acolhidas, o MEC conjuntamente ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente devem promover campanhas midiáticas incentivando a adoção. Fora isso, cabe aos legisladores revisar o ECA e as leis correlatas. As pessoas precisam aprender a adotar sem assepsias. Lembrem-se deles.