A adoção é um assunto complexo no Brasil, pois apesar da existência de mais famílias interessadas do que crianças a serem adotadas, há também algumas variáveis que impedem a continuidade de muitos processos adotivos. Com isso, mais de cinco mil crianças permanecem sem um lar. Um dos fatores de impedimento dos processos de adoção é os interesses particulares das famílias adotivas, que buscam em grande parte crianças menores de cinco anos. No entanto, segundo o Conselho Nacional de Justiça, 87,42% têm mais de cinco anos. Desta forma essas crianças acabam rejeitadas, enquanto os adotantes preferem continuar esperando pela compatibilidade de seus desejos. Outro ponto mais preocupante, é que 26,33% das famílias adotivas optam por crianças brancas, recusando 67,8% das crianças não brancas. Isso é consequência direta do racismo impregnado na sociedade brasileira de tal forma que as pessoas escolhem crianças no sistema adotivo pela cor, como se fossem meros objetos ou produtos, ignorando algo importantíssimo: elas são seres humanos, que certamente passaram por períodos complicados, e merecem amor e não seletividade. Para mudanças nesse intrigante cenário é fundamental, portanto, conscientização das pessoas através de campanhas promovidas pela iniciativa privada, em conjunto com os profissionais responsáveis pela preparação das famílias adotivas, demonstrando que as crianças maiores de cinco anos precisam de um lar também. O processo de adoção deve ser modificado também, de tal maneira que somente seja possível escolher a faixa etária, feito isso entre as crianças compatíveis seria encaminhada aquelas com maior tempo de permanência no sistema. Desta maneira a seletividade racial seria eliminada, além de visar um método justo as crianças.