Título da redação:

Compaixão adormecida

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 14/06/2016

Uma criança fica disponível para adoção por vários motivos, tais como: abandono, óbito dos pais, ausência de familiares, péssimas condições de vida, trabalho infantil, violência física ou sexual. Segundo órgãos oficiais do governo, há mais adotantes do que crianças para serem adotadas, uma relação até 600% maior. Então por que esse número não chega à zero? O trâmite da adoção no Brasil poderia ser mais célere e eficaz, no entanto, a burocracia instaurada é vital. Tal dificuldade é imprescindível, afinal de contas, é necessário assegurar que a criança receba tratamento condigno para que tenha um completo desenvolvimento humano. Desta forma, exigências como: diferença mínima de idade entre as partes, bom relacionamento entre pais divorciados, condição financeira plausível para sustento da nova família, autorização dos pais biológicos (quando vivos), são alguns dos fatores que visam garantir a condição supracitada. Em contrapartida, a lista de pessoas aptas para adotar é imensa, no entanto, a fila está parada devido às exigências que fazem na escolha da criança. Enquanto poucos adotam independentemente de raça, sexo, cor, idade, a maioria prefere, por exemplo, meninos à meninas, olhos claros à escuros, menos de 1 ano à mais de 5 anos, brancos à negros, cabelo liso à encaracolado. Tais preferências, para não dizer preconceito, torna-se um desafio para as casas de adoção visto que o tempo passa, as crianças crescem sem a noção de família, sem uma estrutura ou condição favorável para desenvolver adequadamente o potencial cognitivo, humano e social. Seria interessante, portanto, os pais adotivos deixarem o ego de lado e olharem para as crianças como indivíduos que já carregam uma triste história em pouco tempo de vida, e que ali existe alguém que precisa de ajuda para ter uma vida digna e não necessita de pais que valorizem mais uma fotografia baseada em aparências. Além disso, é primordial que o governo autorize casais homossexuais a adotarem, pois o conceito de família não se restringe ao sexo e sim uma relação humana e harmônica entre duas pessoas. E, por fim, como diz Chagdud Tulku Rimpoche no livro "Para abrir o coração", "(...) a compaixão está adormecida em nós e precisa ser despertada (...)".