O processo adotivo no Brasil, se considerarmos apenas o quantitativo, é marcado por uma realidade matemática bastante simples. São, aproximadamente, 5,6 mil crianças aptas a serem adotadas contra mais de 30 mil pessoas na fila de adoção, ou seja, matematicamente faltariam crianças para atender todas as famílias interessadas, mas a realidade é bem diferente. A grande maioria das pessoas que se cadastram em um processo de adoção, já possuem um estereótipo da criança divergente daquelas que estão na fila para adoção. Elas buscam, em sua maioria, crianças brancas e abaixo de três anos de idade, ou seja, a minoria das crianças que aguardam na fila por uma família. Percebe-se que, mesmo lentamente, algumas iniciativas veem sendo tomadas no sentido de instigar as pessoas cadastradas na fila de adoção a mudar o perfil das crianças que pretendem adotar. Atualmente, existem mais propagandas e novelas que tratam, por exemplo, do processo de adoção entre crianças de raças, muitas das vezes, diferente da dos pais. O que auxilia, de alguma forma, as pessoas a abrirem mais suas mentes quanto ao considerado diferente, já que os meios de comunicação levam ao questionamento daquilo que apresentam. Outra iniciativa que merece destaque, diz respeito a um projeto de um time de futebol do Recife que, buscando auxiliar os eventos das associações e dos órgãos do Estado quanto à adoção tardia, fizeram vídeos, com crianças acima de sete anos que estavam na fila de adoção, e disponibilizaram nas redes sociais. Com tal projeto, algumas crianças que tinham perdido a esperança de serem adotas conseguiram uma família. Mesmo com tais iniciativas, muito, ainda, precisa ser feito para que o perfil idealizado pelos adotantes seja mais condizente com o mundo real dos adotados, visando, assim, diminuir as filas de espera e, consequentemente, o número de crianças que aguardam ansiosas por um lar, por uma família. Diferentemente, de alguns adotantes, todos aqueles aptos a serem adotados possuem o mesmo objetivo: encontrar pessoas que os aceitem como são, seja com a idade mais avançada, seja com a raça diferente daqueles que serão seus pais. O que tais crianças buscam, verdadeiramente, são famílias que as acolham e que as amem, e que, principalmente, as ajudem, de alguma forma, a minimizar o sofrimento por terem sido, muitas vezes, abandonadas ou rejeitadas por suas famílias biológicas.