A temática da adoção no Brasil constitui-se um desafio com enormes dimensões e arestas a serem aparadas. Muitas conquistas já ocorreram, mas ainda assim, o processo adotivo apresenta falhas que dificultam a reinserção da criança ao convívio social. Dessa forma, faz-se necessário esclarecer as vertentes que permeiam o universo da adoção no Brasil. De acordo com o Conselho Nacional da Justiça, existem hoje cerca de 5500 crianças em abrigos e 30 mil famílias inscritas no Cadastro Nacional de Adoção. Tal discrepância pode ser explicada: o perfil das crianças a serem adotadas destoa daquele pretendido pelos adotantes. Exige-se ser do sexo feminino, branca e recém-nascida. Poucas são as pessoas que querem adotar infantes maiores de cinco anos. Outra dificuldade está no fato de aceitar os irmãos, o que faz com que as crianças em abrigos demorem mais a serem adotadas. Ressalte-se que a morosidade no processo de adoção não se justifica apenas nos adotantes e adotados. Existe também no Brasil a falta de uma equipe interdisciplinar que conduza os trâmites conjuntamente ao juiz. Outro impasse está na inaplicabilidade dos preceitos defendidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e da Constituição brasileira, que são uma conquista e garantem à criança a tentativa de reinserí-la no ambiente familiar, não necessariamente com os pais biológicos, podendo ser em família substituta, visando seu bem-estar. Em suma, pode-se inferir que as exigências dos adotantes aliados às falhas da aplicabilidade da lei, são fortes empecilhos para a adoção no Brasil. Nesse contexto, é relevante que as autoridades competentes sejam fiscalizadas por superiores objetivando o cumprimento da lei. Também é importante a realização de campanhas educativas que desmitifiquem a adoção de apenas um perfil de criança.