Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: O problema do uso excessivo da tecnologia entre os brasileiros e suas consequências

Redação enviada em 08/11/2018

Ao refugiar-se, no Brasil, da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig publicou, em 1941, o livro "Brasil: País do Futuro". No entanto, a crescente manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet não faz jus a essa premissa, uma vez que há o domínio do sistema capitalista na rede e a falta de criticidade dos internautas. Dessa forma, cabe analisar as implicações e os caminhos para combater esse problema. É notório que a era do consumismo com influência comportamental nas redes é um mecanismo de manipulação extremamente eficaz pelo uso de algoritmos - ferramenta automática que filtra e seleciona informações para os usuários conforme banco de dados gerados pelos "cliques" na internet. Isso acontece porque, sob a perspectiva dos sociólogos Adorno e Horkheimer, o sistema capitalista propicia o aparecimento da Indústria Cultural, a qual, estimulada pelo alcance da internet, propicia o consumo desenfreado de produtos e conteúdos para promover a "pseudo-felicidade", apenas momentânea. Dessa maneira, com o aumento do consumo, há também o aumento da exibição do poder aquisitivo e dessa felicidade disfarçada, na era em que todos querem ser vistos e admirados, mesmo que superficialmente, a custo de desencadear, em muitos casos, baixa autoestima e depressão naqueles silenciados digitalmente. Outrossim, além do domínio do sistema capitalista, há a preocupante falta de criticidade das pessoas, principalmente dos jovens, participantes do grupo vulnerável. Isso ocorre porque, segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, na Teoria do Habitus, a sociedade tende a naturalizar, incorporar e reproduzir as estruturas sociais. Nessa lógica, percebe-se o padrão comportamental existente desde a Primeira Revolução Industrial e intensificada com o advento da internet, ao incorporar a ideia de que, para ser parte da sociedade, precisa-se consumir e estar de acordo com a geração, comportamento este passado pelos pais e pela mídia. Desse modo, cria-se, no corpo social, como uma massa de manobra, a necessidade de consumo e a ilusão da liberdade de escolha em detrimento da educação crítica, a valorização do "parecer" contrapondo o "ser". Torna-se evidente, portanto, que a disputa entre decisão crítica e manipulada ainda é um problema a ser enfrentado. Em razão disso, o governo, em conjunto com as Secretarias de Educação estaduais e municipais e com atuação dos pais, deve promover palestras, workshops, oficinas e debates acerca da relação entre cidadania, consumo, tecnologia e discernimento na internet, para que seja naturalizada uma estrutura social de conscientização e educação crítica desde a infância e, com isso, reproduzida aos descendentes. Isto posto, poder-se-á aproximar o Brasil real daquele idealizado há quase oito décadas por Stefan Zweig.