Em “1984”, livro escrito por George Orwell, os personagens vivem sob o jugo de uma ditadura totalitária que controla a informação, alterando as versões da história e jogando no “buraco da memória” o que é inconveniente. Atualmente, o controle de dados nas redes sociais e sites de pesquisa nos trouxe a uma realidade similar. Com efeito, essa filtragem pode ser prejudicial ao usuário, uma vez que prejudica o direito à informação e ilude o indivíduo com uma falsa liberdade de escolha. Primeiramente, é válido salientar que, na história dos Direitos Humanos, com o surgimento da chamada “quarta geração de direitos”, nasceu a garantia de acesso à informação por meio das tecnologias. No entanto, a ditadura do algoritmo tem prejudicado o pleno exercício desse direito ao manipular as opiniões e preferências dos usuários. Por esse motivo, há a necessidade de garantir esse direito não apenas na teoria, mas também na realidade. Além do mais, é importante ressaltar o pensamento do filósofo ateniense Sócrates, que considerava os erros de escolha do ser humano como produtos da falta de conhecimento. Dessa forma, percebemos que, ao ter sua preferência manipulada, o usuário exerce uma liberdade ilusória, baseada na distorção do conhecimento. A aplicação prática do pressuposto socrático é observada no contexto da indústria de vendas pela internet, que induz os consumidores a escolhas pouco conscientes distribuindo informação de forma altamente seletiva e automatizada. Convém, portanto, que o Estado intervenha, por meio do poder legislativo, criando emendas constitucionais que imponham limites ao uso de algoritmos reguladores de dados, de forma a garantir plenamente o direito humano à informação. Ademais, caberá às instituições de ensino, em parceria com a mídia, promover debates, palestras e campanhas publicitárias que abordem esse tema, objetivando orientar a sociedade a tomar decisões sob a influência de meios de informação confiáveis.