“O importante não é viver, mas viver bem”. Segundo Platão, a qualidade de vida tem tamanha importância, de modo a ultrapassar a da própria existência. Entretanto, essa não é a realidade de parte da população brasileira que, diante dos desafios para possuir uma habitação, apenas vivem, não necessariamente bem. Essa conjuntura está fincada em origens históricas e, apesar dos atuais investimentos na área de moradia, ainda segue distante de alcançar o cenário defendido por Platão. É importante pontuar, de início, o processo de urbanização como intensificador do defict habitacional do país. Durante a construção de Brasília, por exemplo, houve um grande processo de migração da população, visando trabalhar na construção da nova capital. Todavia, após a conclusão da cidade, tornou-se inviável financeiramente que esses trabalhadores morassem no centro urbano, sendo obrigados a se estabelecerem nas periferias, muitas vezes em terrenos impróprios. Concernente a isso, essa realidade é vista em todo o país, devido a uma uma urbanização segregadora, acentuando a dificuldade de moradia aos menos abastados. Nesse contexto, diversas políticas públicas foram criadas, visando solucionar essa problemática, como o Programa Minha Casa Minha Vida. Contudo, apesar de proporcionarem moradias para a população, ainda é pouco diante da parcela necessitada, além de não haver preocupação em manter condições dignas para habitação nesses locais. Prova disso são as 116 famílias que procuraram a SMUIH devido a violência em condomínios do MCMV, segundo a secretaria, além das diversas moradias que estão abandonadas, em resultado da má condição de vida das habitações. Assim, afirma-se que, novamente, o indivíduo vive, mas não vive bem. Portanto, torna-se evidente a necessidade de uma tomada de medidas que aproxime essas famílias da realidade de Platão. Logo, é necessário que o Governo ofereça incentivos fiscais às construtoras do MCMV e fiscalize suas obras, para garantir maior quantidade de habitações e mais agilidade no processo de construção, visando aumentar a abrangência do programa. Porém, é ainda mais importante que sejam garantidos, pelo Governo, os direitos dos moradores desses condomínios, provendo condições básicas com água potável, esgotamento sanitário e segurança, por meio de maiores investimentos na estrutura dos locais. Assim, a qualidade de vida será, finalmente, uma realidade para esses indivíduos.