Em sua obra "O Cortiço", Aluísio Azevedo demonstra o processo de formação de um cortiço, caracterizado por suas moradias precárias e condições de insalubridade, sem sistema de esgoto nem distribuição adequada de água, situação que perdura até os dias de hoje na sociedade. Dessa forma, pode-se inferir que o Brasil sofre um problema do deficit habitacional, em que muitos não possuem local digno para viver. Nesse aspecto, uma das principais causas para tal desigualdade é o acelerado processo de urbanização, além da negligência estatal para com a população. Em primeira análise, a falta de direcionamento e controle durante a acelerada urbanização resultou na disparidade hoje. Nesse sentido a teoria do darwinismo social explica a segregação, por meio da ideia de seleção natural em que quem se sobressai no ramo intelectual ou físico são destacados, enquanto os menos aptos "deixam de existir" por não conseguirem acompanhar a evolução, sendo estes representados pelos moradores em péssimas condições. Nessa perspectiva, segundo dados do Ministério da Cidade, quase 10% da sociedade estão inseridos nesse contexto, com habitações inadequadas. Paralelo a isso, fica evidente a inoperância governamental frente ao assunto moradia, que acontece desde o período colonial. Nesse contexto, é possível afirmar que a origem das favelas decorreu após a abolição da escravidão, em que ex-escravos construíram suas casas em morros, e por não possuírem o apoio do governo, não usufruíam do direito a uma moradia digna. Atualmente, o descaso do Estado com a população mais necessitada persiste. O desabamento do edifício Wilton Paes em São Paulo, no início de 2018, é a demonstração disso, tendo em vista que era um prédio abandonado em que moradores de rua viviam. Portanto, com o objetivo de diminuir o número de moradias inadequadas, convém a intervenção do Governo. Primeiramente, o Estado deve orientar o crescimento da cidade a fim de que a população seja melhor distribuída, sem muita segregação, pode fazer isso por meio da organização e melhora do sistema de transporte, principalmente o metrô, já que "absorve" a sociedade. Outrossim, o Ministério das Cidades deve ampliar os subsídios governamentais para famílias carentes que não se encaixam nas exigências dos bancos e dessa forma disponibilizar locais seguros e dignos para essa parcela da população, tendo o intuito de evitar o estilo de moradia apresentado por Aluísio Azevedo.