Título da redação:

O espaço urbano e a desigualdade social no Brasil contemporâneo

Proposta: Deficit habitacional no Brasil

Redação enviada em 15/04/2018

Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se descobrir a causa de tamanho deficit habitacional em território brasileiro, principalmente em grandes capitais. Indubitavelmente, sabe-se que o capitalismo, sistema econômico vigente no país e em escala global, gera desigualdades em setores econômicos e sociais. Tal disparidade econômica se manifesta também por meio do espaço geográfico, onde os mais pobres vivem em moradias precárias. Por consequência, foi desenvolvido o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), a fim de disponibilizar casas seguras e dignas à população afetada pela desigualdade. Contudo, o programa apresenta falhas e se mostra ineficiente diante do cenário vigente. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 57 milhões de pessoas vivem em situações perigosas, precárias ou simplesmente não têm um lar. Número exorbitante, visto que o programa MCMV foi lançado nove anos atrás. Além da desigualdade, outro fator contribuinte para tal dado do IBGE é a especulação imobiliária. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, de 2002 a 2012 o preço dos alugueis subiu 50%, comprometendo grande parte do orçamento das famílias. Por isso, muitos brasileiros veem-se obrigados a morar em locais de risco, tais como terrenos irregulares e moradias improvisadas com madeira e fiação elétrica exposta. Existem famílias que, após receberem a moradia, preferem sair e voltar para favelas. Citando Milton Santos, renomado geógrafo brasileiro e especialista em urbanização, “as pessoas valem pouco onde estão e saem correndo em busca do valor que não têm”. Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, critica a forma com que o programa MCMV foi desenvolvido e explica a migração: as casas são construídas em terrenos extremamente distantes, carentes de serviços públicos básicos como escolas e postos de saúde. Por consequência disso, muitos brasileiros preferem correr riscos a abrir mão de serviços públicos de qualidade. Levando-se em consideração esses aspectos, é evidente que a iniciativa estatal não garante o direito à moradia, previsto na Constituição de 1988. Nesse sentido, é de suma importância que o programa continue a existir, haja vista a quantidade de pessoas vivendo precariamente no país. Em contrapartida, é necessário que a população não seja marginalizada dos seus outros direitos como educação e saúde por uma segregação espacial. Dessa forma, concomitantemente, é mister que obras de tal natureza sejam realizadas em terrenos próximos, a fim de gerar emprego, desenvolvimento e, principalmente, garantir a dignidade e o valor do brasileiro.