Título da redação:

Informação é método contraceptivo

Tema de redação: O problema da maternidade precoce no Brasil

Redação enviada em 03/11/2016

De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde, estima-se que a taxa de fecundidade entre mulheres menores de 20 anos esteja em torno de 12,5% dos nascimentos registrados no Brasil. O fenômeno da maternidade precoce vai de encontro ao também crescente grupo de mulheres que optam por uma gravidez tardia, uma vez que preferem primeiramente consolidar suas carreiras profissionais. Essa oposição de realidades leva ao questionamento de como informações ligadas a educação sexual são debatidas no país. Apesar de constantemente debater assuntos polêmicos, como a homossexualidade, a legalização do aborto e das drogas, o Brasil ainda é um país bastante conservador. Por isso, é difícil encontrar nas instituições de ensino aulas com a temática da educação sexual, as quais discutam a questão da maternidade precoce e suas consequências, como também informar a respeito do uso devido de métodos contraceptivos. O tema é falado de forma superficial, logo, não existe um diálogo aberto que oriente os jovens. Ademais, esse mesmo diálogo não acontece dentro do seio familiar. Acredita-se que o problema da gravidez precoce esteja vinculado à falta de informação, principalmente nas camadas mais desfavorecidas da sociedade, as quais apresentam maior índice de casos. Porém, há informação – já que muitas mulheres planejam a vida priorizando a carreira profissional para, posteriormente, se tornarem mães –, o que falta é transmiti-la de forma que alcance toda a sociedade. Junto ao fator da informação, outros, como imaturidade e o manejo inadequado de métodos contraceptivos, contribuem para engordar a estatística de gestações precoces no país. Uma vez que se tornem mães, a maior parte da responsabilidade recairá sobre as mulheres. Sem o devido planejamento, a maternidade irá exaurir psicologicamente essas jovens, assim como privá-las de ter uma adolescência regular. Além de estar agredindo o próprio organismo – o qual até essa idade não está devidamente desenvolvido para gestar uma criança, aumentando a chance de anemia e hipertensão na mãe, como também de nascimentos precoces e partos complicados –, são obrigadas a enfrentar preconceitos, pressões familiares, entre outros. Segundo o IBGE, após ficarem grávidas apenas 53% das mulheres completam o Ensino Médio. Consequentemente, sem o preparo adequado para ingressar no mercado de trabalho, terão dificuldades para obter renda e fornecer a criança condições básicas, como saúde e educação. Com o intuito de reduzir resolver o problema, o Governo, aliado ao Ministério da Educação e a instituições de ensino, deve promover um debate sobre educação sexual nas escolas, por meio de aulas e palestras, trazendo, também, a família, a fim de demonstrar que é possível haver um diálogo aberto com os jovens sobre o tema. A gravidez precoce não é um problema exclusivo das mulheres, portanto, essas palestras ainda devem incentivar maior participação do pai durante a gestação, o nascimento e o desenvolvimento da criança. O papel da mídia é fundamental, uma vez que por intermédio de campanhas em veículos de comunicação, como TV e rádio, e nas redes sociais, há a possibilidade de conscientizar a população sobre a necessidade do uso de métodos contraceptivos, tanto para evitar a gravidez, como doenças sexualmente transmissíveis. Assim, será possível constituir uma verdadeira sociedade democrática, uma vez que todos os cidadãos devem ter os mesmos direitos de atuar como agentes sociais, ao contrário de serem marginalizados por conta de um filho.