Título da redação:

A maternidade precoce e suas origens sociais

Tema de redação: O problema da maternidade precoce no Brasil

Redação enviada em 28/10/2016

A gravidez precoce é algo recorrente no Brasil. Gerar filhos cada vez mais cedo implica inúmeros riscos para a mãe e para o bebê, mudando radicalmente a vida dos envolvidos. A cultura e a forma como a sociedade enxerga a família e o período para ter filhos mudou drasticamente no século XX, de modo que o fato de engravidar cedo é visto como um problema social e de saúde pública, exigindo um trabalho mais efetivo das instituições sociais. Na Idade Média, a família possuía função econômica, uma vez que os filhos ajudariam no trabalho do campo, plantando e colhendo para sobreviverem. As mulheres se casavam muito jovens e tinham muitos filhos ainda em idade adolescente. A partir do século XX, as concepções acerca da liberdade sexual, inserção da mulher no mercado de trabalho e o avanço da medicina contribuíram para uma mudança cultural e mais esclarecedora quanto ao que deve motivar uma gravidez e a idade mais favorável e segura. A gravidez precoce, devido ao seu risco para a genitora, que não tem um corpo desenvolvido completamente, e para o bebê, que pode não receber os nutrientes necessários para seu desenvolvimento, requer atenção do sistema de saúde por colocar em risco a vida de ambos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 20% dos nascimentos no Brasil provém de gravidez não planejadas. Precocemente, mulheres entre 10 e 19 anos são responsáveis por 235 mil gestações conforme a pesquisa da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção, sendo que a grande maioria ocorre entre jovens de classes mais pobres. A desigualdade social implica a distribuição desigual de informação e dos serviços de saúde, não só para acompanhar a gravidez, mas para preveni-la através de métodos contraceptivos que, na teoria, são de fácil acesso, como a camisinha por exemplo. Essa falha social se sobrepõe aos avanços cultural e medicinal, uma vez que estes não estão ao alcance de todos. A gravidez precoce é, portanto, um reflexo da desigualdade social e da falta de conscientização e de acesso a métodos contraceptivos e ao sistema de saúde. Problemas como esse requerem a ampliação do fornecimento, através do Sistema Único de Saúde, de recursos de proteção, principalmente a camisinha e o anticoncepcional, para jovens entre 15 e 19 anos, que são prioridade. A distribuição deve ser feita em postos de saúde e em hospitais, facilitando o acesso. A atuação das escolas também é importante, inserindo na grade escolar a educação sexual, com palestras e aulas com médicos e psicólogos que possam discutir abertamente acerca da inserção na vida sexual e como se proteger, evitando uma gravidez na juventude.