Em 1979, Jorge Amado defendeu, no livro “Tenda dos Milagres”, a existência da miscigenação brasileira refletida nos costumes e dialetos. Hoje, o que se vê, no Brasil, são os negativos aspectos do preconceito linguístico. Nessa perspectiva, faz-se necessário argumentar sobre a situação social e os efeitos dessa problemática. Embora hajam variações na linguagem nos diversos segmentos sociais, nota-se que muitas pessoas encaram-nas como errôneas, uma vez que a norma culta gramatical é a única aprofundada nos centros educacionais e utilizada em situações formais, como em cartas jurídicas. Em razão disso, as variantes regionais, as gírias e os jargões não são valorizados nas relações educacionais e de trabalho. Além disso, maléficas são as consequências à sociedade, pois se confirma o princípio da “Solidariedade Orgânica” de Durkheim, cenário análogo à aculturação que o português brasileiro sofre, em que as contribuições indígenas e africanas cedem lugar às convenções lusitanas. Em decorrência desse fato, a nação é submetida à mesma forma de comunicação padronizada e que percebe os desvios preconceituosamente. Fica claro, portanto, que a discriminação na linguagem precisa ser combatida. Para tanto, é fundamental que o Ministério da Cultura, em parceria com as escolas, torne obrigatórios os debates sobre variedades linguísticas nas aulas de Português, por meio de trabalhos de pesquisa, a fim de mostrar a própria miscigenação da língua. Ademais, a mídia, mediante anúncios e propagandas, deve promover o senso de respeito nas pessoas, com fito de estabelecer a harmonia social. Logo, tais medidas poderão corroborar a ideia propagada por Jorge Amado.