Título da redação:

Qual o problema de falar "pobrema"?

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 28/11/2017

Noam Chomsky, sociólogo e linguista, já afirmava que existe uma classe muito singular de pessoas que tem a capacidade de tornar tudo que é simples em matéria difícil: os intelectuais. A parcela mais instruída da sociedade mantém-se a par do fato de que grande parte de nossa população não teve acesso à instrução formal necessária, às vezes, para até saber se comunicar prontamente em sua língua materna. Sabendo disso, se valem muitas vezes de algumas ferramentas para discriminar, deixar claro que há diferenças, entre eles e “os outros”. E uma dessas ferramentas é a linguagem. Saber se expressar na norma culta é muitas vezes uma sutil forma de demonstrar uma capacidade acima do sujeito comum, principalmente quando vivemos em uma nação tão deficiente de um projeto emancipatório de educação. Sabendo disso, muitas pessoas, ainda ignorantes e movidas pelo falso preciosismo intelectual, se valem do preconceito linguístico para dar cara e voz a episódios tenebrosos, em que médicos, engenheiros e até professores, corrijam pessoas simples, por tanto não “saberem se expressar”, quanto também por implicitamente não terem tido a oportunidade nem o tempo necessário de aperfeiçoarem diversas habilidades cognitivas, como é a do falar e escrever. Sabendo disso, qual seria a saída necessária a esse elitismo linguístico que impõe a gramática normativa até os recônditos vales e clareiras amazônicas, em que até o índio tupi precisa saber se deve escrever porque, porquê, por que ou por quê? Em virtude do que foi mencionado é necessário que percebamos a imensa variedade linguística, e que como qualquer outra característica de um país tão miscigenado tanto etnicamente quanto culturalmente, o respeito à plasticidade de nossa sempre mutante língua não nos faça, mais uma vez, classificar pessoas não apenas pela sua cor da pele, capacidade aquisitiva e classe social, mas também pelo falar.