Título da redação:

Preconceito linguístico

Proposta: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 26/10/2018

Cumprindo sua função social, a língua é um elemento fundamental para assegurar a unidade de uma nação, tanto em território quanto em sociedade. Assim sendo, Graciliano Ramos já criticava, durante a fase modernista da literatura brasileira, a forma rebuscada da língua e afirmava que “palavras foram feitas para dizer”. Entretanto, em dissonância com o escritor, é recorrente, no Brasil, pessoas que privilegiam, seja por classe social ou seja por região do país, determinada forma de falar em detrimento de outra, preconceito esse que é reforçado por um currículo escolar obsoleto e pela ineficácia do governo ao combater a xenofobia. Em primeira análise, é possível perceber que a forma como a língua é tratada pelas escolas brasileiras, infelizmente, permite a perpetuação do preconceito linguístico. Ao priorizar uma educação majoritariamente conteudista, o currículo escolar, equivocadamente, apresenta a gramática normativa como modelo único a ser seguido pelos alunos. Dessa forma, é notório a carência de uma percepção da linguagem como ferramenta de união social, situação que, acentuada pela desigualdade de acesso a ensino de qualidade no país, reforça o preconceito linguístico entre os cidadãos. Em segunda análise, apesar de possuirmos mais de 500 anos de convivência com inúmeras miscigenações, é crônico, no Brasil, a presença da xenofobia entre as regiões nacionais. A apresentadora Renata Alves, sergipana, foi vítima de ataques nas redes sociais sob a justificativa de estar falando com sotaque nordestino em rede nacional. Dessa forma, fica claro que, além do sentimento de impunidade derivado da carência de leis que punam praticantes de preconceito linguístico, é insuficiente, na política, ações que visam unificar o pensamento coletivo acerca da língua. Ratifica-se, portanto, a necessidade de adotar algumas medidas para reverter a problemática do preconceito linguístico na sociedade brasileira. Cabe ao Ministério da Educação, com eficiência e com amplitude, alterar a abordagem das escolas sobre assuntos relacionados à língua, a fim de colocar seu caráter social em patamar de importância equivalente ao caráter acadêmico. Ademais, cabe ao Estado, em conjunto com o Poder Legislativo, criar leis que tipificam ataques por preconceito linguístico como crime e, ao lado da mídia, veicular propagandas que formem no pensamento coletivo a opinião de que, apesar de possuir especificidades locais, o povo brasileiro é um só e não deve ter distinção.